Fechando um semestre de tapas (muitos) e beijos (pouquíssimos) com a Câmara do Rio, o prefeito Eduardo Paes (PSD) convidou vereadores da base para um churrasco na residência oficial da Gávea Pequena, na próxima quinta-feira (26) — último dia de votações no velho Palácio Pedro Ernesto, antes do recesso de meio de ano. Apesar de tretas, puxões de orelha públicos, troca de mensagens iradas e alguns tropeços, o alcaide conseguiu aprovar praticamente tudo o que considerava prioridade em 2025.
Ainda no primeiro semestre, Paes aprovou a criação da divisão de elite armada da Guarda Municipal; a nova versão de mais valia e mais valerá, a popular Lei dos Puxadinhos; e a autorização para a prefeitura contrair mais empréstimos (vá lá que ele queria R$ 6 bilhões e só levou R$ 2,2 bilhões, mas levou).
O tradicional rolo compressor do executivo não funcionou como de costume — esbarrou no novo perfil da casa, com uma oposição mais bélica, e parte da base sentindo-se desprestigiada pelo governo.
Daí que o prefeito teve de engolir algumas mudanças nas propostas originais — não gostou, e reclamou no grupo dos vereadores do PSD. Foi duro com os correligionários, em especial, com o presidente da Casa, Carlo Caiado. Mas, depois, afirmou publicamente o compromisso de apoiar a candidatura do homem para a próxima vaga do Tribunal de Contas do Município (TCM), em 2027.
Oposição tenta ‘pescar’ descontentes com Paes
A oposição, que de boba não tem nada, começou a preparar uma ofensiva para “pescar” descontentes da base, e levar os desgarrados para o grupo político adversário, capitaneado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União) — pré-candidato a governador e rival direto de Paes.
Não foram poucos a alertar o prefeito sobre o risco de ele perder o controle máximo sobre a Câmara, se a oposição oferecer cargos e espaço político aos insatisfeitos. A maioria absoluta do Paes na Cinelândia é ampla, mas o número mínimo de vereadores para dar dor de cabeça ao governo é relativamente pequeno.
Ainda por cima, 2026 é logo ali.
Neste finzinho de temporada, o prefeito parece ter ressignificado a lição do mestre Moacyr Luz, segundo a qual, amigo não se faz bebendo leite, nem tomando chá. Afinal, em volta de uma churrasqueira, e de uma torneira de chope, o carioca costuma ficar muito mais amigável.