No dia Mundial da Saúde Mental, terapeuta cita 5 erros comuns de empresários que podem comprometer uma equipe

Recorde de afastamentos segundo dados do Ministério da Previdência Social demonstram a necessidade de se investir na capacitação de líderes Freepik Líder cada vez mais necessita compreender a empresa como um organismo vivo, onde cada colaborador e decisão formam um


Recorde de afastamentos segundo dados do Ministério da Previdência Social demonstram a necessidade de se investir na capacitação de líderes

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Líder cada vez mais necessita compreender a empresa como um organismo vivo, onde cada colaborador e decisão formam um sistema interligado

Em um cenário corporativo cada vez mais competitivo e veloz, a figura do líder está sempre em transformação. Atualmente, já não basta dominar planilhas, metas e indicadores: é necessário compreender a empresa como um organismo vivo, onde cada colaborador e decisão formam um sistema interligado. Líderes que adotam esse olhar, conseguem identificar as causas por trás de conflitos, quedas de produtividade e até antecipam sinais de esgotamento emocional das equipes — problema este, cada vez mais comum em ambientes corporativos.

Em 2024, segundo dados do Ministério de Previdência Social, o Brasil teve o maior número de afastamentos por transtornos mentais em 10 anos. Foram 472 mil licenças concedidas, um aumento de aproximadamente 67% em relação ao ano anterior. Esse cenário comprova que a saúde mental no ambiente de trabalho passou a ser uma questão estratégica para os negócios e, mais do que isso, tornou-se desafio para as empresas, já que, a partir de 26 de maio, as corporações serão obrigadas a identificar riscos psicossociais e implementar medidas para gerenciar a saúde mental dos profissionais.

“Quando paramos para analisar a saúde mental dos líderes percebemos que se faz necessária uma intervenção ainda mais urgente. A nova legislação prega que a empresa ‘tente garantir’ que a equipe não adoeça mentalmente devido à sobrecarga de trabalho, assédio moral ou sexual e ao estresse em ambientes tóxicos, porém, é preciso cuidar dos comandantes, para que os comandados se sintam seguros, aptos, saudáveis e eficientes. Mais do que isso: é preciso ensinar os líderes que a empresa funciona sistematicamente e todas as engrenagens têm sua importância e atuação”, pontua Vann Porath, terapeuta e mentora especialista em Constelação Organizacional e Pensamento Sistêmico Corporativo.

Para a especialista, quando um líder entende as dinâmicas que regem o sistema em que atua, ele passa a promover não apenas melhores resultados, mas também um ambiente de trabalho mais saudável e colaborativo. A fundadora do Mar Instituto Terapêutico ainda adianta, que inaugura em janeiro de 2026, a segunda sede e primeira na Europa, mais precisamente na cidade de Aveiro, em Portugal, com o objetivo de promover a saúde mental nas corporações mundo afora. “Sou uma das poucas brasileiras a estudar diretamente com Anna Halprin e Daria Halprin no Tamalpa Institute (Califórnia, EUA) o Life Art Process, metodologia que une corpo, arte e cura. Desde 2006 me dedico a propagar a Leitura Corporal Sistêmica e formação de Líderes Sistêmicos, resultando na integração entre corpo, ancestralidade, emoções e sistemas, que resultam em desenvolvimento no meio empresarial”, sentencia.

Vann Porath, terapeuta e mentora especialista em Constelação Organizacional e Pensamento Sistêmico Corporativo.

Vann Porath, terapeuta e mentora especialista em Constelação Organizacional e Pensamento Sistêmico Corporativo (Divulgação)

Como é possível performar com ajuda terapêutica nas empresas

Antes de saber os benefícios e formas de aplicar as habilidades terapêuticas no mundo dos negócios, Vann Porath afirma que é necessário entendê-las. “Pensamento sistêmico é uma realidade no mercado das empresas no mundo todo. Inclusive, no mercado europeu, o termo ‘liderança sistêmica’ já faz parte da realidade funcional de líderes e equipes. Durante nossa atuação na corporação utilizamos ferramentas práticas que viabilizam o pensamento sistêmico que é simplesmente, a forma de ver e atuar dentro daquela estrutura. Através de exercícios usados em situações pontuais, podemos entender porque as vendas não estão acontecendo, resolver conflitos de sócios, aumentar engajamento de uma equipe ou até ajustar o posicionamento de um produto”, comenta, em entrevista exclusiva à Jovem Pan.

E continua: “O pensamento sistêmico é mais profundo e contínuo: ele olha para a empresa como um organismo e aplica três leis fundamentais: pertencimento, hierarquia e equilíbrio. Quando essas leis passam a orientar a cultura da empresa, a mudança não fica restrita a um problema, mas transforma a forma como líderes, equipes e clientes se relacionam”, afirma.

Procurada por muitas empresas diariamente, ela identificou padrões que geralmente atrapalham o desenvolvimento como um todo, independentemente da área de atuação ou posição do negócio. A pedido da nossa reportagem, Vann lista os 5 erros mais comuns cometidos por empresários e líderes atualmente dentro do ambiente corporativo, e o que fazer para evitá-los.

1. Não conhecer o próprio lugar faz tudo parecer inseguro

Um dos tropeços mais recorrentes se refere à postura de quem lidera. De acordo com a especialista, quando o líder tenta ser “amigo da equipe” ou centraliza tudo em torno de si é gerado um caos. Esse tipo de relação confunde papéis, enfraquece a hierarquia e compromete os resultados. “Líder não é amigo, é referência. Em um dos cases de diagnóstico recente pude perceber mudanças expressivas ao reposicionar os lugares e criar mais clareza na comunicação. Essa empresa que atendi se transformou: a equipe passou a cooperar, e em poucos meses alcançou resultados que antes pareciam fora da realidade”, relembra.

2. Excluir pessoas ou áreas, de forma consciente ou não

Ignorar setores, colaboradores ou parceiros que fazem parte da estrutura da empresa é um dos erros cometidos mais comuns nas companhias atualmente. “Não reconhecer quem faz parte gera sabotagem invisível, o que atrapalha todo andamento do fluxo e, inclusive, paralisa a prosperidade. É preciso sempre, através de dinâmicas e ações camufladas ou não, valorizar o pertencimento e reconhecer a contribuição de todos, inclusive de quem já saiu da empresa”.

3. Promover desequilíbrio nas trocas: é preciso alinhar

A especialista e palestrante pondera que é necessário haver equilíbrio entre feedback e cobranças para evitar desgastes entre “líderes que só cobram sem dar retorno e equipes que entregam sem reconhecimento”. Vann aconselha que empresas adotem trocas justas, com reconhecimento de esforços de forma sincera e, se possível, contínua. “Quando digo que o acompanhamento sistêmico à corporação é vital, não estou exagerando. Essa abordagem enxerga situações que quem está inserido não consegue identificar”.

4. Adotar um olhar desumano é o início do fim

No mundo moderno, muitas lideranças ainda medem o sucesso apenas por metas e resultados financeiros, esquecendo que a base do desempenho está nas relações humanas. “Os resultados não se sustentam quando o processo humano é ignorado. O vínculo é o que mantém o sistema vivo. Um líder ou mesmo um colaborador pode ter batido uma meta por um ou dois meses, mas é preciso estar bem e motivado para que isso se torne uma constante e esse cenário só acontece quando ele se enxerga como parte da empresa, não apenas sendo um número”.

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5. Não aplicar o pensamento sistêmico em si

No velho conceito de que aprendemos por exemplo ou repetição, um líder que não acredita no que fala ou no que faz não é um verdadeiro líder. É preciso admirar quem estamos seguindo, certo? Infelizmente, um erro comum nas empresas hoje consiste no líder exigir mudanças da equipe sem antes olhar para si. “O líder que não se observa repete padrões que enfraquecem toda a empresa. Quando ele muda, o sistema muda junto. É claro que todos somos humanos e passíveis de erros, porém, o líder precisa acreditar em si e no projeto, e passar isso aos seus de maneira orgânica, ou seja, ele precisa escutar antes de ser escutado”, explica a terapeuta.





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