Doenças autoimunes podem ser controladas e até entrar em remissão apesar de não terem cura

Ainda não se sabe exatamente o que causa as doenças autoimunes, mas fatores genéticos, hormonais, ambientais (infecções, estresse e toxinas) e o desequilíbrio da microbiota intestinal podem estar envolvidos Freepik Entre os mais de 80 tipos conhecidos de doenças autoimunes


Ainda não se sabe exatamente o que causa as doenças autoimunes, mas fatores genéticos, hormonais, ambientais (infecções, estresse e toxinas) e o desequilíbrio da microbiota intestinal podem estar envolvidos

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Entre os mais de 80 tipos conhecidos de doenças autoimunes estão psoríase e lúpus

Normalmente, o sistema imunológico nos protege contra vírus, bactérias, fungos e outras ameaças ao organismo. Nas doenças autoimunes, no entanto, esse sistema se torna disfuncional e passa a atacar células, tecidos ou órgãos saudáveis como se fossem invasores. Esse processo, chamado de autoimunidade, envolve a produção excessiva de autoanticorpos e citocinas inflamatórias, causando inflamação crônica, destruição tecidual e disfunções em diferentes órgãos.

Causas e manifestações clínicas diversas

Ainda não se sabe exatamente o que causa as doenças autoimunes, mas fatores genéticos, hormonais, ambientais (como infecções, estresse e exposição a toxinas) e o desequilíbrio da microbiota intestinal podem estar envolvidos. As manifestações variam de acordo com os órgãos atingidos: pele, articulações, intestinos, cérebro, rins, vasos sanguíneos, pulmões e coração podem ser comprometidos. Em muitos casos, os primeiros sintomas incluem fadiga intensa, dores articulares, alterações de pele, febre sem causa aparente e perda de peso.

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Principais doenças autoimunes e seus impactos

Existem mais de 80 doenças autoimunes descritas. Algumas são órgão-específicas e outras sistêmicas, afetando múltiplos órgãos simultaneamente. Entre as mais conhecidas estão:

  • lúpus eritematoso sistêmico (LES): pode atingir pele, articulações, rins, vasos e outros órgãos
  • artrite reumatoide: inflama articulações e pode causar deformidades se não tratada
  • esclerose múltipla: afeta o sistema nervoso central, comprometendo movimento e cognição
  • diabetes tipo 1: destruição das células beta do pâncreas, que produzem insulina
  • psoríase: provoca inflamação crônica na pele, com lesões avermelhadas e descamações
  • tireoidite de Hashimoto: destruição autoimune da tireoide, levando a hipo ou hipertireoidismo
  • retocolite ulcerativa e doença de Crohn: causam inflamação intestinal com dor, diarreia e sangramento

Tratamento e novos horizontes terapêuticos

Embora ainda não tenham cura definitiva, as doenças autoimunes podem ser controladas e até entrar em remissão. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para evitar danos irreversíveis e garantir qualidade de vida. As abordagens incluem o uso de imunossupressores, imunomoduladores, anti-inflamatórios e corticoides, além de mudanças no estilo de vida, como controle emocional, atividade física, cessação do tabagismo e alimentação equilibrada.

Nas últimas décadas, os tratamentos evoluíram com a chegada das terapias biológicas, produzidas por biotecnologia para agir de forma mais específica no sistema imunológico. Esses medicamentos bloqueiam moléculas inflamatórias e depletam seletivamente células responsáveis pela inflamação, oferecendo maior controle da doença e menos efeitos colaterais.

O futuro aponta para terapias ainda mais inovadoras, como a CAR-T Cell Therapy — já utilizada com sucesso no tratamento de alguns tipos de câncer. Pesquisas recentes testam essa abordagem em doenças autoimunes graves, como lúpus, esclerodermia e polimiosite. A técnica consiste em modificar geneticamente células T do próprio paciente para que ataquem as células B defeituosas, interrompendo o ataque autoimune. Estudos iniciais com lúpus já mostraram casos de remissão completa, apontando para uma possível cura.

Essas inovações reforçam que o futuro do tratamento das doenças autoimunes será cada vez mais personalizado, preciso e eficaz. O acompanhamento com médicos especializados e atualizados é essencial para garantir acesso a essas novas terapias quando indicadas.

“Controle, remissão, autonomia, vida plena. Porque viver bem é mais do que possível — é a nossa missão.”

*Por Evelin GoldenbergCRM-69640
Mestre e doutora em reumatologia pela Unifesp
Reumatologista da Be. Institute e da Clínica Reumatológica Goldenberg
Médica do corpo clínico do Hospital Albert Einstein
Fundadora do Creta – Centro de Infusão Especializada no Tratamento de Doenças Autoimunes





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