Dezembrite: por que dezembro nos deixa no limite e como aliviar

Pressão emocional, acúmulo de tarefas e cansaço explicam por que dezembro vira um período crítico para a saúde do corpo e da mente mdjaff/Freepik O termo “Dezembrite” traduz a exaustão física e emocional típica do período A reta final do


Pressão emocional, acúmulo de tarefas e cansaço explicam por que dezembro vira um período crítico para a saúde do corpo e da mente

mdjaff/Freepik
O termo “Dezembrite” traduz a exaustão física e emocional típica do período

A reta final do ano costuma ser de balanços pessoais, compromissos sociais, metas acumuladas e uma sensação constante de urgência. O estresse é uma resposta normal e necessária à sobrevivência, mas só é saudável quando ocorre de forma pontual. Diante de desafios, o organismo aciona o mecanismo de luta ou fuga — enfrentamos a ameaça ou nos afastamos dela. Esse processo libera adrenalina e cortisol, eleva a frequência cardíaca, a pressão arterial e o nível de açúcar no sangue e reduz, por um tempo, a resposta do sistema imunológico. Em condições normais, essa descarga dura cerca de 90 minutos e depois cessa.

Quando o estresse deixa de ser pontual

O problema surge quando o estresse deixa de ser pontual e se torna contínuo — algo comum no fim do ano. A necessidade de fechar pendências, cumprir prazos, reorganizar a vida, comprar presentes, participar de eventos, enfrentar o trânsito mais intenso e conciliar demandas familiares cria um terreno fértil para o estresse crônico. Nesse cenário, o corpo não encontra tempo para voltar ao seu estado basal.

A consequência é um conjunto de sintomas emocionais e físicos que chamam a atenção. Podem surgir ansiedade, irritabilidade, lapsos de memória e dificuldades para dormir. O apetite pode aumentar ou diminuir, conforme o perfil de cada pessoa. No corpo, aparecem dores musculares persistentes, tensão no pescoço, distúrbios gastrointestinais, crises respiratórias e maior vulnerabilidade a infecções. Quando prolongada, essa condição interfere diretamente na vida social, sexual e profissional, afetando o desempenho e a qualidade de vida.

Um retrato do cansaço acumulado

Esse conjunto de sinais recebeu um apelido popular: Dezembrite. O termo traduz a exaustão física e emocional típica do período, potencializada nos últimos anos pela chamada Novembrite — uma antecipação desse desgaste diante da aceleração do ritmo de vida. É como se o corpo chegasse aos últimos meses do ano já no limite, e qualquer pequena demanda extra fosse suficiente para disparar um quadro de sobrecarga.

Reconhecer esse padrão é fundamental para agir antes que o estresse vire doença. Quando os sintomas começam a interferir no cotidiano, é hora de buscar acompanhamento com profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, que podem orientar estratégias de enfrentamento, técnicas de regulação emocional e, quando necessário, tratamento medicamentoso.

Atravessando o fim do ano com mais leveza

Apesar da sensação de catástrofe iminente que muitas pessoas relatam em dezembro, é importante lembrar que grande parte desse desconforto é transitório. Com a virada do calendário, a pressão diminui, as demandas se reorganizam e o organismo encontra espaço para se recuperar. A Dezembrite passa — e o novo ciclo oferece a chance de retomar hábitos saudáveis, estabelecer limites mais claros e enfrentar, com mais equilíbrio, velhos e novos desafios.

Prof. Dr. Carlos Alberto Pastore – CRM 24264
Cardiologista, Professor Livre-Docente da FMUSP e diretor vice-presidente da Fundação Zerbini





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