Corpo e emoção: entenda por que escutar os sintomas pode mudar sua vida

O corpo humano, além de sua estrutura física, reflete emoções e experiências em níveis profundos e muitas vezes invisíveis Imagem produzida com IA Saber escutar o próprio corpo e suas manifestações é um exercício de liberdade Falar de corpo é


O corpo humano, além de sua estrutura física, reflete emoções e experiências em níveis profundos e muitas vezes invisíveis

Imagem produzida com IA
Saber escutar o próprio corpo e suas manifestações é um exercício de liberdade

Falar de corpo é falar de emoção. Por mais que se tente dissociar um do outro, nosso corpo físico e nossas emoções estão intimamente conectados. Em uma sociedade que parece já ter inventado remédio para tudo o que incomoda, lidar com a complexidade dessa relação não é tarefa fácil. Queremos pouco esforço e muito resultado. No desejo de sermos produtivos o tempo todo, não dedicamos horas para investigar o que, de fato, um sintoma físico pode revelar sobre nós; desejamos apenas que ele desapareça e não atrapalhe. Entretanto, é justamente a partir dos sintomas físicos mais corriqueiros que podemos desvendar padrões comportamentais de cada indivíduo, assim como questões socioculturais importantes que dizem respeito ao coletivo.

Entendo o corpo como um conceito para além da matéria. É emoção, respiração, osso, músculo, fluxo energético, espírito, pele e outras tantas camadas — das mais sutis às mais densas. A partir de uma genética herdada, vamos nos estruturando com base nas referências de cuidado, de amor (ou da falta dele) e da maneira como convivemos socialmente. Inclusive, no que diz respeito a recortes de classe, raça e gênero. Somos seres extremamente adaptáveis e rapidamente nos ajustamos tanto ao que consideramos benéfico quanto às imposições ou necessidades que nos são impostas, mesmo quando nos causam prejuízos. Nossos corpos são moldados por nossas experiências.

Saber escutar o próprio corpo e suas manifestações é um exercício de liberdade tão poderoso quanto nenhum outro. Quando me percebo, encontro a possibilidade de ser honesta com o que sinto — e isso pode ser revolucionário. Este é um caminho de respeito comigo mesma, e representa um grande passo para construir relações também mais respeitosas com o outro.

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Quando falamos sobre novas formas de exercer a parentalidade, por exemplo, é muito difícil falar de educação respeitosa ou de comunicação não violenta para pessoas que não aprenderam a se respeitar. Esse olhar sobre si muda radicalmente a relação com as nossas crianças. Quando me aproprio do que sinto, posso (e devo) comunicar isso ao outro, inclusive àquele de quem cuido — não importa se tem 2 ou 80 anos. Ser honesta com meus sentimentos muda minha respiração, meus pés no chão, minha coluna e minha caixa torácica. Isso muda a forma como um filho vê uma mãe: íntegra, inteira, dona de si. O exercício da presença é, também, um exercício de inteireza e liberdade.

Esse despertar acontece de maneira individual, mas também coletiva. É uma construção diária, que se faz nas pequenas (ou grandes) revoluções do cotidiano. Podemos buscar esse tipo de conexão por meio de práticas integrativas, como yoga, terapias somáticas, leituras sobre o tema, aulas de canto ou dança. Quanto mais estivermos atentos aos nossos corpos, mais entenderemos sobre quem somos — e conhecer a si mesmo é o primeiro passo para cuidar do outro com mais respeito e afeto. O amor começa em nós, e essa prática é um ato de resistência diante de um sistema que nos incentiva a nos violentar diariamente.

*Por Marina Palha é pós-graduada em Estudos Familiares e Educação Parental
Autora do livro AMUNDO. Atriz, idealizadora do musical ZAQUIM. Professora de yoga, investigadora da relação entre corpo, emoções e cuidado

 





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