Uso de óvulos doados cresce no Brasil e novas tecnologias ampliam as chances de gravidez em mulheres com dificuldade para engravidar
A doação de óvulos é uma das técnicas de reprodução assistida que mais cresce no Brasil. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), mais de 12% dos bebês nascidos por fertilização invitro no país resultam de tratamentos com óvulos doados — um número que cresce a cada ano. O avanço das tecnologias, a maior aceitação social do tema e a estruturação dos bancos de doadoras tornam a ovorecepção uma alternativa cada vez mais segura, eficaz e acessível para mulheres que enfrentam dificuldades para engravidar usando seus próprios óvulos.
O procedimento é indicado para pacientes na menopausa, com falhas repetidas de tratamentos para engravidar, idade acima de 42 anos ou doenças hereditárias que impedem o uso dos próprios óvulos. Também é uma opção para casais homoafetivos masculinos e para mulheres que decidiram adiar a maternidade. A combinação entre tecnologia e empatia — ciência e solidariedade — faz da doação de óvulos uma das práticas mais transformadoras da medicina reprodutiva atual.
A doação de óvulos é um procedimento sigiloso, cuidadosamente regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina. As doadoras passam por rigorosos critérios de seleção, incluindo avaliação médica, genética, exames de sangue e acompanhamento psicológico. Após estimulação controlada, os óvulos são coletados e
fertilizados com o sêmen do parceiro ou de um doador. Os embriões resultantes são transferidos para o útero da receptora, preparado com hormônios para receber o embrião.
Todo o processo ocorre de forma anônima — a identidade de quem doa e quem recebe é preservada. Os critérios de compatibilidade levam em conta características físicas, buscando maior similaridade possível. A taxa média de sucesso da FIV com óvulos doados é de 50 a 60% por ciclo, o dobro dos índices obtidos com óvulos próprios em mulheres acima de 40 anos. Esse resultado ocorre porque o uso de óvulos de mulheres jovens aumenta a chance de embriões saudáveis.
Nos últimos anos, as novas técnicas laboratoriais e o uso de inteligência artificial vêm ampliando as possibilidades para quem recorre à ovorecepção. Sistemas automatizados auxiliam especialistas na escolha dos embriões com maior potencial de implantação, analisando o desenvolvimento em tempo real. Além
disso, a epigenética — ciência que estuda como o ambiente e os hábitos de vida influenciam a expressão dos genes — trouxe um novo olhar para quem doa e para quem recebe: mesmo que o DNA do embrião venha da doadora, o organismo e o estilo de vida da mulher que recebe participam ativamente na expressão dos
genes do bebê.
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Essa descoberta tem grande impacto emocional e científico, mostrando que a ligação entre mãe e filho vai além da carga genética. Estudos indicam que proteínas, hormônios e substâncias produzidas pelo corpo materno durante a gestação influenciam diretamente o desenvolvimento do bebê, criando uma conexão
biológica única.
Com os avanços tecnológicos, a doação de óvulos deixa de ser vista como última alternativa e passa a ser reconhecida como uma possibilidade real de gerar um filho com segurança e amor. Em um país onde a maternidade tem sido adiada e os desafios para engravidar aumentam com o passar dos anos, a ovorecepção representa mais que um tratamento: é uma ponte entre ciência e sonho, esperança e realidade.
Dr. Dani Ejzenberg – CRM 100673
Ginecologista e especialista em Reprodução Assistida na ENNE Clinic
Membro da Brazil Health
