Ansiedade infantil: quando se preocupar e como oferecer apoio eficaz

Reconhecer e agir diante de sinais de ansiedade nas crianças é crucial para garantir o desenvolvimento saudável e prevenir impactos a longo prazo Freepik É recomendável procurar um psicólogo infantil quando os sintomas persistirem por mais de quatro semanas Sentir


Reconhecer e agir diante de sinais de ansiedade nas crianças é crucial para garantir o desenvolvimento saudável e prevenir impactos a longo prazo

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É recomendável procurar um psicólogo infantil quando os sintomas persistirem por mais de quatro semanas

Sentir medo, preocupação e insegurança faz parte do desenvolvimento infantil. São reações naturais diante de situações novas ou desafiadoras, como o primeiro dia de aula ou dormir longe dos pais. No entanto, quando essas emoções se tornam intensas, persistentes e começam a interferir na rotina da criança, pode ser um sinal de transtorno de ansiedade — condição que merece atenção e cuidado.

O que caracteriza um transtorno de ansiedade na infância

O transtorno de ansiedade infantil ocorre quando os medos deixam de ser proporcionais às situações enfrentadas. A criança continua apresentando sintomas mesmo após receber apoio e segurança, ou reage de forma extrema a situações comuns do dia a dia — como ir à escola, falar com desconhecidos ou dormir sozinha.

A importância do diagnóstico precoce

Os transtornos de ansiedade figuram entre os problemas psiquiátricos mais comuns na infância e adolescência. Estima-se que entre 7% e 12% das crianças apresentem algum transtorno de ansiedade diagnosticável. Se não tratados, esses distúrbios podem persistir na vida adulta e aumentar o risco de depressão, dificuldades acadêmicas, baixa autoestima e isolamento social.
O diagnóstico pode englobar diferentes tipos de ansiedade, como:

  • ansiedade de separação
  • fobia social
  • transtorno de ansiedade generalizada
  • transtorno do pânico
  • fobias específicas
  • agorafobia
  • mutismo seletivo

Sintomas que merecem atenção

  • medo intenso de ficar longe dos pais ou de realizar atividades cotidianas
  • preocupações excessivas e persistentes
  • dificuldade para dormir
  • irritabilidade ou crises de choro
  • queixas físicas frequentes, como dor de barriga, dor de cabeça, sudorese, tremores, taquicardia e falta de ar
  • recusa escolar ou retraimento social

Esses sinais podem variar conforme a idade e o tipo de transtorno, mas, em geral, impactam o desempenho escolar, as relações sociais e o bem-estar emocional da criança.

Família e escola: pilares na identificação e no apoio

Educadores e familiares estão em posição privilegiada para perceber mudanças comportamentais. Crianças ansiosas podem:

  • ter dificuldade para se concentrar
  • recusar atividades em grupo
  • demonstrar medo exagerado de errar ou ser julgadas
  • se isolar ou apresentar comportamento desafiador

A escola pode contribuir oferecendo um ambiente acolhedor e mantendo diálogo constante com os pais. Estes, por sua vez, devem escutar sem julgamentos, reconhecer o sofrimento da criança e buscar ajuda profissional ao perceber que o medo está interferindo na rotina.

Quando e como buscar ajuda especializada

É recomendável procurar um psicólogo infantil quando os sintomas persistirem por mais de quatro semanas e estiverem prejudicando a vida cotidiana da criança. Um psiquiatra infantil pode ser indicado para uma investigação diagnóstica mais detalhada ou avaliação da necessidade de medicação — algo que deve ser feito com cautela e acompanhamento constante.

A avaliação clínica envolve entrevistas com a criança e os responsáveis, aplicação de instrumentos padronizados e, sempre que possível, informações dos professores. Muitas vezes, a criança se expressa com mais facilidade por meio de desenhos ou brincadeiras do que em conversas diretas.

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Atenção e cuidado podem mudar tudo

Transtornos de ansiedade na infância podem ser confundidos com timidez, birra ou preguiça. Ignorar os sinais significa perder a chance de oferecer à criança ferramentas para lidar com suas emoções e desenvolver autonomia. O diagnóstico precoce, o apoio da família e intervenções como a terapia cognitivo-comportamental fazem toda a diferença para que a criança cresça com mais saúde mental e segurança emocional.

*Por Alessandro Danesi – CRM 57.351 / RQE 57.526
Médico Pediatra e Head Nacional de Pediatria da Brazil Health 





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