Em entrevista exclusiva, Larissa Ferrari fala sobre o caso que teve com o ex-Vasco e diz que francês abusou de sua vulnerabilidade; especialista explica transtorno
Uma denúncia envolvendo Dimitri Payet, que rescindiu contrato com o Vasco da Gama no último dia 9, mexeu com o mundo do esporte. Larissa Ferrari, advogada do Paraná, afirma que teve um relacionamento abusivo com o jogador. De acordo com a moça, eles namoraram durante cinco meses, mas a situação teria fugido do controle quando o esportista supostamente usou a doença como forma de manipulação da parceira. “Eu tenho transtorno de Borderline, é uma doença que oscila muito e tenho um medo absurdo de rejeição. E ele sempre teve consciência de tudo, inclusive que eu havia sofrido abuso sexual na infância e usou isso contra mim”, declarou Larissa em entrevista exclusiva ao Portal Jovem Pan.
De acordo com a influencer, ela era obrigada a enviar vídeos humilhantes para provar seu amor por Payet, como uma espécie de jogo. “Eu gravei vídeos em que lambia o chão, o lixo e outros em que cheguei a beber água do vaso e a minha própria urina. Tenho vergonha disso. Ele me dava até prazo: ‘Você tem sete dias para me mandar uma prova de amor’. E eu ia lá e gravava.”
Segundo Larissa, o jogador fazia chantagem emocional, tanto quando estavam juntos quanto separados. “Ele usava palavras de humilhação, me agredia fisicamente (tenho tudo comprovado) e me colocava em situações, no mínimo, constrangedoras. Ele chegou a colocar minha cabeça dentro do vaso sanitário enquanto tínhamos relação. O mais assustador é que ele sabia dos meus problemas psicológicos, dos traumas e abusou da minha vulnerabilidade”, fala.
O jogador francês Dimitri Payet prestou depoimento na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, acompanhado de uma advogada e de um intérprete. Ele negou as acusações de agressões, tanto físicas quanto morais, e afirmou que tudo que aconteceu entre os dois foi consensual. Segundo ele, os hematomas no corpo de Larissa ocorreram devido a práticas consensuais durante as relações sexuais.
Payet ainda disse que desconhecia problemas psicológicos da parceira e que tudo veio à tona quando ele negou a proposta dela para que eles continuassem o relacionamento na França, com despesas custeadas por ele. O Ministério Público pediu o arquivamento do processo e a defesa de Larissa vai recorrer da decisão.
Especialista explica o Borderline e reações
Taty Ades, psicanalista, pós-graduada em neuropsicologia e neurociência que atua há 20 anos tratando o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) informa que, infelizmente, é comum esse tipo de quadro em quem sofre com a doença. “Já atendi diversos pacientes borderlines que se sujeitaram a muito abuso físico, verbal e emocional. Esse medo de rejeição relatado por Larissa realmente existe para eles, só que de uma forma muito mais intensa, o que, por vezes, faz com que o parceiro se aproveite da situação. Veja, não estou falando que é o caso do jogador, isso, somente a Justiça vai poder julgar. O que estou afirmando enquanto profissional da área de saúde é que, diariamente, recebo casos em consultório com conteúdo parecido ao relatado por essa moça”.
A especialista ainda explica que, geralmente, esses casos acontecem porque o parceiro tem um perfil mais narcisista, ou seja, de comando e sabe que tem o controle da situação. “Tive uma paciente que namorava um rapaz que chegava a trancá-la no armário, a fazia observar ele tendo relações com outras mulheres e a agredia de todos os modos.”
E complementa: “Realmente quem tem Borderline tem pavor de abandono e é capaz de fazer qualquer coisa para que o outro não se afaste. É claro que o diagnóstico deve ser validado por um profissional e, infelizmente, na maioria dos casos, acontece a submissão no relacionamento e muita instabilidade, obviamente”, detalha. Há anos, a psicanalista atua em busca de uma melhor qualidade de vida para seus pacientes, tanto que acaba de lançar “Borderline Método Costura”, livro indicado a profissionais de saúde sobre o seu método exclusivo de cura.