Com o presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União), em pé de guerra com o governador Cláudio Castro (PL), a postagem de um vídeo mostrando a troca de afagos entre o secretário estadual de Infraestrutura e Obras, Uruan Andrade, e o prefeito de Campos, Wladimir Garotinho (PP), caiu como um míssil desgovernado na sede do Largo da Carioca. As imagens já têm mais de uma semana nas redes — mas, nem por isso, os efeitos devastadores cessaram.
Uruan é um dos mais antigos colaboradores de Castro.
E Wladimir, inimigo político de Bacellar.
“Resolvendo a retomada das obras do Bairro Legal Vila Manhães e Vila Menezes junto ao secretário de Obras do estado, Dr. Uruan Andrade. O diálogo é sempre o melhor caminho, vamos juntos fazer o bem e melhorar a vida das pessoas”, diz a legenda.
Wladimir se refere a Uruan como amigo
No vídeo, postado na última segunda-feira nos perfis dos dois nas redes sociais, o prefeito de Campos se refere ao secretário como “meu amigo Uruan”.
Wladimir explica que a obra — que já tinha sido iniciada, mas foi interrompida por problemas técnicos — está sendo retomada. Uruan é discreto, mas sorridente.
“De nada, que isso”, respondeu ao agradecimento do prefeito. “Mais uma vez, nós vamos tentar resolver o problema, que tem solução. Já conversamos e vamos chegar a um bom termo e retomar essa obra”.
A divulgação da conversa foi considerada uma provocação pelos aliados de Bacellar na Assembleia.
A treta entre Castro e Bacellar
As desavenças entre Castro e Bacellar começaram quando o presidente da Alerj, na condição de governador em exercício, demitiu o então secretário de Transportes, Washington Reis (MDB), sem o conhecimento — e o consentimento — do titular.
O arroubo provocou uma crise política que quase pôs por terra a pré-candidatura de Castro ao Senado, e deixou em situação bem crítica a de Bacellar ao governo do estado.
Em entrevista recente ao “RJ2”, da TV Globo, o governador — que já havia anunciado anteriormente o presidente da Alerj como seu candidato à sucessão no Palácio Guanabara — recuou e disse que só vai discutir a eleição no ano que vem. Ao jornal ‘O Globo”, Castro foi além: afirmou que, seguindo orientação partidária, só vai apoiar candidatos do seu PL — e Bacellar é do União Brasil.
O desentendimento está tendo reflexos na relação entre executivo e legislativo. Um pacotão de projetos de lei anunciados por Castro no início da semana passada e enviados à Assembleia na última segunda-feira sequer foi protocolado no sistema da casa até o fim da semana.