Da RioEventos para a presidência da Riotur e o comando das duas maiores festas da cidade, réveillon e carnaval,, Bernardo Fellows foi uma cartada estratégica do prefeito Eduardo Paes para revitalizar os setores de turismo e a organização de grandes festas, shows, conferências e outros eventos na cidade, área fundamental para a imagem do Rio e catalisadora de investimentos e negócios.
Executivo com larga experiência na área, Fellows assumiu a Riotur em janeiro de 2025 com o peso da responsabilidade sobre os ombros: ampliar os holofotes internacionais, fortalecer parcerias e integrar a promoção turística à realização de grandes celebrações. Fazer o caixa do Rio faturar.
Considerado um dos homens da tropa de elite do prefeito, ele fecha o ano no azul. Além da superlotação dos hotéis e expansão de lucros, a arte ajudou a vida nesse momento: a trama de Vale tudo em torno do Copacabana Palace deu ainda mais charme e apelo ao icônico hotel, paixão do escritor da trama original Gilberto Braga.
Na noite do dia 31, da suíte onde gravaram sequências da morte da vilã aos olhos dos pescadores que ganham a vida nas águas da praia mais pop da Zona Sul, todos os olhos estarão voltados para os fogos da virada. Fellows garante que foram tomadas medidas para que a fumaça não volte a atrapalhar a queima de fogos como em 2024. E garanta uma visão, e um caminho, claros para 2026.
Aumento no número de balsas resolverá problema da fumaça e da visibilidade do réveillon passado
Há uma projeção de que o réveillon deste ano injete R$ 3,34 bilhões na economia, um crescimento de 6% em relação a 2024. Ao que o senhor atribui esse crescimento?
Esse crescimento é resultado de um trabalho contínuo de posicionamento do Rio como capital dos grandes eventos e destino turístico global. O Réveillon é o ápice de uma estratégia integrada que envolve promoção internacional, planejamento urbano, calendário estruturado e articulação entre diferentes áreas da prefeitura. Além disso, temos um público cada vez mais diverso, que permanece mais dias na cidade, consome cultura, gastronomia, hotelaria e serviços, ampliando o impacto econômico para além da virada do ano.
Em um ano em que se discutiu muito a IA, o público vai ter um palco marcado pela tecnologia. Como foi a curadoria para unir a cultura brasileira tradicional sob essa perspectiva futurista?
A curadoria partiu da ideia de que o Rio é, ao mesmo tempo, tradição e inovação. O Réveillon precisa refletir essa identidade. A principal atração tecnológica visível ao público será o maior show de drones da história do evento em Copacabana, com cerca de 1.200 equipamentos, criando um espetáculo de luzes e formas no céu. Esse espetáculo dialoga com as tendências de inovação e sustentabilidade. É uma celebração que respeita as nossas tradições, mas aponta para o futuro.
Foi elogiado manter o cast de atrações nacionais, com encontros inéditos no lugar de grandes nomes estrangeiros. Essa opção reforça a identidade da festa?
Sem dúvida. O Réveillon do Rio é reconhecido mundialmente pela experiência, pela cidade e pela sua cultura. Valorizar artistas brasileiros, promover encontros inéditos e celebrar nossa diversidade musical fortalece a identidade do evento e cria algo único, que só o Rio pode oferecer. Isso não diminui o alcance internacional, pelo contrário: o mundo vem ao Rio justamente para viver essa autenticidade.
Houve críticas ano passado à fumaça e à visualização de alguns pontos. Este ano, dobraram as balsas. Há outro cuidado para melhorar a visualização?
A ampliação do número de balsas é uma das principais medidas. Isso ajuda a dispersar melhor a fumaça e garante que mais pessoas tenham uma visão desobstruída do espetáculo. Tudo está sendo feito com base em avaliações técnicas e no retorno do público, sempre com o objetivo de oferecer uma experiência mais confortável e inclusiva para quem está na orla.
Outra questão levantada ano passado foram as filas de revistas da PM que surpreenderam alguns cariocas. Quais as recomendações para chegar e sair da festa da maneira mais confortável possível?
A principal recomendação é planejamento. Chegar com antecedência, utilizar transporte público e seguir as orientações dos órgãos oficiais faz toda a diferença. Todo ano, o esquema de segurança é avaliado, ajustado, se necessário, para tornar os fluxos mais eficientes, mantendo o rigor obrigatório para um evento dessa dimensão. Segurança e conforto caminham juntos, e o permanente diálogo entre os órgãos permite aprimorar esse processo.
Além de Copacabana, o mais tradicional, a festa se estende a vários bairros. Quais os palcos que vêm tendo maior público nos últimos anos?
Temos observado um crescimento consistente de público em todos os palcos além dos de Copacabana, exemplos como Flamengo, Penha e Ilha do Governador. Essa descentralização é estratégica: ela aproxima a festa dos cariocas, fortalece as economias locais e reafirma que o Réveillon é uma celebração da cidade inteira, não apenas de um cartão-postal, mas de vários pontos importantes e turísticos do Rio.
A expectativa é de uma ocupação hoteleira de 98%, podemos atingir recorde de público? O Copacabana Palace, que virou o cenário mais badalado do ano, comemora lotação. Como o réveillon impacta a imagem e a economia do Rio o ano inteiro?
O réveillon é a maior vitrine do Rio para o mundo. As imagens, a experiência e a repercussão internacional influenciam diretamente a decisão de viagem ao longo de todo o ano. Ele fortalece o imaginário do Rio como destino desejado, impulsiona o verão, estimula novos eventos e gera impactos econômicos que se estendem muito além da virada. É um motor que movimenta turismo, emprego, renda e reputação da cidade de forma permanente.
Quantas pessoas estão mobilizadas na prefeitura para o réveillon? O COR e o Civitas são modelos de polos de tecnologia integrada. Existe alguma novidade neste sentido na segurança feita pela prefeitura para garantir a tranquilidade do carioca e do turista?
O Réveillon mobiliza uma grande força de trabalho da Prefeitura do Rio, com atuação integrada entre diversos órgãos. Apenas em Copacabana, a Secretaria Municipal de Ordem Pública e a Guarda Municipal estarão com um efetivo de 1.370 agentes, atuando em turnos desde a manhã do dia 30 até o dia 1º de janeiro, em ações de ordenamento urbano, controle de trânsito, fiscalização e orientação ao público.
Esse trabalho conta com apoio de viaturas, motos, reboques, drones e do Centro de Comando e Controle Móvel da Guarda Municipal, instalado na Avenida Atlântica, além da integração permanente com o do Centro de Operações e Resiliência da Prefeitura do Rio (COR-Rio), que permite monitoramento em tempo real e respostas rápidas.
Todos os pontos da cidade onde haverá palcos para o Réveillon 2026 contarão com monitoramento do COR-Rio. Serão cerca de 700 câmeras acompanhando a movimentação nas festas organizadas pela Prefeitura pela cidade. Somente em Copacabana serão 307 equipamentos no local da festa e nos principais acessos ao bairro para monitorar a chegada e a saída do público, os bloqueios de trânsito e apoiar as ações de vigilância da região.
Uma curiosidade sobre o Reveillon do Bernardo Fellows.
Vou virar o ano em Copacabana, com a minha família, acompanhando de perto uma festa que é construída de forma coletiva, com o trabalho integrado de muitos órgãos da Prefeitura, entre eles a Riotur. O Réveillon do Rio é especial justamente por reunir gente do mundo inteiro, muita música brasileira e a energia única da nossa cidade. O line-up deste ano está muito especial, faço questão de valorizar todos os artistas, principalmente pelos encontros inéditos que dão a cara da festa. Começar o ano na praia, perto do público, é a melhor forma de renovar as energias e celebrar o Rio em sua essência.



