Solteiros por escolha (ou nem tanto): o Dia dos Namorados para quem está sozinho

A data mais odiada pelos solteiros está chegando: o Dia dos Namorados. Com o 12 de junho se aproximando, também vem uma enxurrada de posts de casais apaixonados, jantares à luz de velas e filas em floriculturas. Mas… e quem


A data mais odiada pelos solteiros está chegando: o Dia dos Namorados. Com o 12 de junho se aproximando, também vem uma enxurrada de posts de casais apaixonados, jantares à luz de velas e filas em floriculturas. Mas… e quem está solteiro?

Esse é o caso de Gabriel Goulart, que vai passar o primeiro Dia dos Namorados sozinho — depois de quatro anos em um relacionamento.

“Vou pedir um hambúrguer, colocar a minha série favorita e esquecer tudo. Tentar não chorar”, contou o estudante de Educação Física.

A nova solteirice

Ser solteiro no Dia dos Namorados pode parecer, à primeira vista, um anticlímax. A timeline fica lotada de declarações, as propagandas falam em presentes, e tudo parece lembrar que você está… só. Mas existe vida — e muita — fora dos relacionamentos amorosos.

“Eu combinei com as minhas amigas de fazer um jantar romântico entre nós mesmas. Solteira sim, mas em boa companhia também”, disse Helena Oliveira, em tom de brincadeira.

Para muita gente, a solteirice é uma escolha consciente — uma pausa necessária, uma fase de reencontro ou simplesmente uma forma de vida que funciona. Helena fala da importância de ter um tempo para si.

“Eu não me importo muito de estar solteira. Claro que, às vezes, queria ter alguém comigo, mas, no geral, sinto que preciso de um tempo para saber o que eu realmente espero quando encontrar alguém”, explicou.

Apesar disso, as redes sociais seguem propagando uma visão idealizada dos relacionamentos. Para a psicóloga e terapeuta de relacionamentos Camila Lobo, a pressão em torno da data pode afetar a autoestima de quem está solteiro — especialmente em um cenário em que a validação social está fortemente associada à presença de um par.

“Muita gente sente que está ‘ficando para trás’ por não estar em um relacionamento. Isso é alimentado por narrativas culturais que colocam o amor romântico como o centro da felicidade. Mas esse não é o único caminho”, afirma.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 80 milhões de brasileiros com mais de 18 anos se declaram solteiros, contra 63 milhões de casados. Embora o amor romântico ainda seja exaltado como símbolo máximo de realização pessoal, cada vez mais pessoas optam por outros formatos de vida — como é o caso do movimento “single life”, que busca a independência emocional.

Mais coração ou mais comércio?

A data, no entanto, não é só para exaltar o amor. O Dia dos Namorados, na verdade, foi pensada como uma estratégia de vendas.

Em outras partes do mundo, a data dedicada aos casais não é comemorada em 12 de junho — o “Valentine’s Day”, celebrado nos Estados Unidos e Europa, por exemplo, é em 14 de fevereiro. No Brasil, o Dia dos Namorados surgiu como uma estratégia de marketing para aquecer as vendas em um mês tradicionalmente fraco para o comércio.

Foi em 1949 que o publicitário João Doria (pai do ex-governador de São Paulo) criou a campanha “Não é só com beijos que se prova o amor!”, aproveitando a proximidade com o dia de Santo Antônio — o “santo casamenteiro”. A ideia pegou, e, desde então, o Dia dos Namorados se consolidou como a principal data romântica do calendário nacional.

Hoje, o 12 de junho representa a terceira data mais importante para o varejo. De acordo com o Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec RJ), a movimentação econômica prevista para este ano deve ultrapassar R$ 324 milhões. Ainda segundo o levantamento, 46,5% dos entrevistados pretendem presentear alguém na data.



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