A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) fez as malas e deixou o Edifício D. Pedro II, mais conhecido como o prédio da Central do Brasil, há dois meses. Depois de 20 anos instalada numa joia art déco decadente e depauperada — e, desde 2019, responsável por todas as despesas de manutenção do belo, porém caríssimo imóvel — a Seap levou todos os seus setores e departamentos para cinco andares de um endereço novinho em folha na Avenida Presidente Vargas.
Ficaram à deriva na Central do Brasil alguns poucos órgãos da administração estadual
Na última segunda-feira (3), o governador Cláudio Castro (PL) publicou decreto no Diário Oficial, delegando à subsecretaria de Gestão Administrativa e Patrimonial da Casa Civil a administração, manutenção e guarda do Edifício D. Pedro II, “exclusivamente enquanto o imóvel estiver desocupado e sem destinação definida”.
Caberá ao órgão responsável pelo patrimônio imobiliário do estado decidir o que fazer com o elefante branco, agora praticamente um prédio fantasma — que nenhuma secretaria estadual quer, nem interessa à iniciativa privada.
Para ter uma ideia das despesas da Seap, enquanto esteve responsável pelo prédio, só o contrato de manutenção anual saía por R$ 5 milhões. Mas, para tornar o espaço minimamente usável, seria preciso muito mais. O retrofit dos elevadores — que viviam parados — foi orçado em R$ 3,3 milhões. A restauração das fachadas sairia por R$ 3,9 milhões; a impermeabilização, por outros R$ 3,4 milhões.
E o pior: para adequar o velho edifício ao novo Código de Segurança contra Incêndio e Pânico (Coscip), editado em 2022, a estimativa é de que seriam necessários investimentos na ordem de R$ 20 milhões.
Antiga sede da Central do Brasil, foi o edifício mais alto da América Latina na época da inauguração
O Edifício D. Pedro II, antiga sede da Central do Brasil, é um imóvel icônico em estilo art déco, com uma torre de 134 metros e 28 pavimentos, e famoso por seu grande relógio de quatro faces. Inaugurado em 1943, chegou a ser considerado o edifício mais alto da América do Sul em sua época.
Ainda hoje, a torre impressiona no cenário, com seus 134 metros de altura. O grande relógio no topo ocupa quatro andares — e só os ponteiros pesam cerca de 270 quilos cada.
O edifício atual foi construído para substituir a estação original da Estrada de Ferro Dom Pedro II, demolida na década de 1930. O conjunto arquitetônico ainda abriga a mais importante estação de trens (a Central do Brasil) de onde partem os ramais da Supervia.
COM FÁBIO MARTINS



