A operação nos Complexos da Penha e do Alemão já é a mais letal não apenas na história do Rio, mas de todo o país. Pelo menos 64 corpos foram levados para a Praça São Lucas na manhã desta quarta-feira (29). Somando às 64 contabilizadas originalmente pela polícia na terça, o total de mortes já chega a 128. O número ainda pode aumentar nas próximas horas, já que há relatos de outros corpos abandonados em áreas de mata.
Os dados já tornam o episódio no Rio mais letal que qualquer outro episódio de violência policial no país. Embora em contextos diferentes, a operação deixou mais vítimas, por exemplo, do que a Chacina do Carandiru, quando 111 detentos foram mortos durante uma intervenção da PM no presídio em São Paulo.
A Polícia Militar confirmou que os mortos encontrados por moradores não fazem parte da contagem divulgada no último balanço. A corporação disse que aguarda perícia para confirmar se há relação entre essas mortes e a operação. Os novos corpos encontrados estão sendo removidos pela Defesa Civil.
Na manhã desta quarta (29), o governador Cláudio Castro (PL) voltou atrás no número contabilizado de mortos. Segundo a última versão oficial, quatro policiais e 54 suspeitos morreram na ação. O número leva em conta apenas os corpos levados para o IML nesta terça (28).
ONG pede renúncia de Cláudio Castro após operação
Na Penha, organizações sociais e representantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, da Câmara Federal e da Defensoria Pública acompanham os trabalhos. Uma das ONGs que esteve na Praça São Lucas durante a remoção dos corpos foi a Rio de Paz, que se posicionou pedindo a renúncia do governador.
“Em nome da justiça, da imagem do Brasil no exterior e da governabilidade do nosso estado, pedimos a imediata renúncia do governador Cláudio Castro. É fundamental que a sociedade fluminense, seus representantes e a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro se unam nessa exigência. Essa é uma demanda suprapartidária”, disse, em nota, a Rio de Paz.
A contagem total de óbitos após a operação só será confirmada após a perícia dos corpos, que é realizada pela Defesa Civil e Ministério Público do Rio.



