Quem nunca quis dar uma “rebobinada” na vida e voltar à infância, que atire a primeira pedra! Quando a maior preocupação era escolher o brinquedo do dia e a diversão vinha sem precisar carregar na tomada. No Museu Rebobina, em São Gonçalo, essa volta no tempo é real: pais, mães — e qualquer um com saudade do passado — podem reencontrar os brinquedos que marcaram gerações e reviver a alegria simples de brincar.
Com um acervo de mais de 3 mil peças, o espaço existe há pouco mais de um ano e reúne relíquias que vão dos clássicos das décadas de 1930 e 1940 até os maiores sucessos dos anos 1980, 1990 e 2000.
Saída das telas
Em pleno período de férias escolares — quando é comum ver crianças hipnotizadas por telas — o Museu Rebobina convida famílias a desacelerar e redescobrir a conexão proporcionada pelo simples ato de brincar.
“Hoje o celular e a tecnologia estão tomando uma proporção absurda. As crianças acabam ficando muito tempo nas telas e esquecem que também podem se divertir com os brinquedos. Aqui, a ideia é não ser só um museu de recordações, mas criar um refúgio. Um lugar onde as famílias possam se reconectar através da memória afetiva”, diz o idealizador do museu, David Moreira.
Essa pausa na rotina digital também funciona como ponte entre gerações. Fernando Queiroz, morador de São Gonçalo, conheceu o museu com a esposa e o filho, de sete anos.
“Assim que entrei, voltei para a minha infância. Aqui tem muito brinquedo que eu gostaria de ter tido na época e não pude”, conta ele.
O filho, segundo Fernando, ficou encantado com as histórias da infância do pai, mesmo ainda preferindo os eletrônicos. “Ele gostou de ver, mas ainda prefere os eletrônicos”, admite, rindo.

Brinquedo também é cultura
Entre tamagotchis, pogs e bonecos dos Comandos em Ação, o Museu Rebobina é uma verdadeira viagem no tempo. Em tempos de inteligência artificial e redes sociais, o espaço resgata o encanto dos brinquedos analógicos — e a magia da infância sem filtros.
A coleção é toda garimpada por David, que juntou duas paixões: brinquedos e peças antigas.
“Desde criança eu coleciono brinquedos. Uma vez visitei um museu nesse estilo e percebi que eu tinha quase tantos itens quanto ele. Como sou de São Gonçalo, quis trazer essa ideia para cá, para que outras pessoas também sentissem essa nostalgia”, explica.
Mais que entretenimento, David vê no museu uma ferramenta de valorização da cultura popular.
“Queria criar um espaço onde a nostalgia virasse aprendizado e mostrasse às novas gerações como a gente se divertia com tão pouco. Brincar, afinal, também é um ato cultural”, defende.
Além de observar o acervo, os visitantes podem interagir com brinquedos como fliperama, pega-varetas, dominó e jogos de tabuleiro. A proposta é simples: reunir pais, filhos e avós em torno de memórias, risadas e redescobertas.
Entre os itens mais populares estão a coleção completa dos Lango Lango, os fantoches Bogs e os famosos Tazos, febre dos anos 1990 que vinham nos pacotes de biscoito.


Cultura acessível
Durante as férias escolares, até o dia 31 de julho, os ingressos para visitar o museu custarão R$ 5. A iniciativa é fruto de uma parceria com a Secretaria de Turismo e Cultura de São Gonçalo.
“Essa parceria permite democratizar o acesso à cultura, principalmente nesse período em que as famílias buscam opções de lazer. Queremos valorizar os equipamentos culturais da cidade e proporcionar experiências”, afirma Júlia Sobreira, secretária da pasta.
O Museu Rebobina fica na Avenida Presidente Kennedy, 242, no Centro de São Gonçalo. Funciona de segunda a sábado, das 10h às 17h. A visita é recomendada para todas as idades — especialmente para quem carrega uma criança dentro de si.