O Ministério Público do Estado (MPRJ) expediu ofícios às polícias Militar e Civil solicitando providências para garantir a devida investigação da morte de Herus Guimarães Mendes, de 24 anos. O jovem foi baleado durante uma ação da Polícia Militar na favela do Santo Amaro, no bairro do Catete, Zona Sul do Rio, na última sexta-feira (6).
O caso ocorreu no momento em que acontecia uma festa junina na favela. Herus, que trabalhava como office boy em uma imobiliária, foi atingido por disparos e chegou a ser socorrido ao Hospital Glória D’Or, mas não resistiu aos ferimentos. Além dele, outras cinco pessoas ficaram feridas, incluindo um adolescente de 16 anos, que já recebeu alta.
Perícia independente
Na tarde deste sábado (7), peritos do MP estiveram no Instituto Médico-Legal (IML) e realizaram uma perícia independente no corpo da vítima. A iniciativa foi determinada pelo procurador-geral de Justiça, Antonio José Campos Moreira, com o objetivo de garantir uma apuração técnica, imparcial e paralela à perícia oficial.
Durante os exames, foram utilizados recursos digitais avançados, incluindo escaneamentos tridimensionais, para mapear com precisão os vestígios e lesões. Esses recursos possibilitam a elaboração de laudos interativos, que ajudam a reconstituir a dinâmica dos fatos.
“O MPRJ acompanha desde os primeiros momentos o fato ocorrido no Morro Santo Amaro, com promotores de Justiça, perícia independente e equipamentos especiais. A instituição reafirma o compromisso de exercer o controle externo da atividade policial, a apuração dos fatos e a responsabilização de quem for legalmente responsável”, afirmou Antonio José.
Pedidos do MP
Entre as medidas solicitadas pelo Ministério Público, está a preservação das imagens das câmeras corporais utilizadas pelos policiais militares durante a operação. À Corregedoria da PM, foi requisitado o envio de informações detalhadas sobre os objetivos, procedimentos e impactos da ação, além de todo o material coletado, incluindo registros audiovisuais.
Já à Polícia Civil, o MP solicitou que peritos do órgão tivessem acesso ao IML para acompanhar os exames de necropsia.
Os trabalhos de perícia independente foram conduzidos por técnicos da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), da Coordenadoria de Inteligência da Investigação (CI2/MPRJ), da Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia (DEDIT/CI2) e do Grupo de Apoio Técnico Especializado (Gate/MPRJ).
MP lamenta o ocorrido
O Ministério Público também chegou a publicar uma nota lamentando a morte de Herus. Segue na íntegra:
“O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) manifesta profundo pesar pelos acontecimentos registrados na noite desta sexta-feira (06/06), durante ação policial na Comunidade do Santo Amaro, no Catete, que resultaram na morte de um jovem e deixaram pessoas feridas.
Neste momento de dor, o MPRJ solidariza-se com os familiares das vítimas, com os feridos e toda a comunidade.
O MPRJ destaca o seu comprometimento com a independência, a apuração dos fatos e com o exercício do controle externo da atividade policial. Para tanto, acompanha o caso desde os primeiros momentos, a fim de buscar as providências cabíveis e responsabilização de quem de direito”.
Gaesp investiga o caso
O Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp/MPRJ) também está em contato com as polícias Militar e Civil para obter mais informações sobre o ocorrido. Além disso, foram solicitadas as imagens das câmeras corporais dos policiais envolvidos na operação.
A população pode entrar em contato com o Gaesp/MPRJ pelo número 127 ou pelo e-mail gaesp.plantao@mprj.mp.br. O Núcleo de Apoio às Vítimas (NAV/MPRJ), composto por uma equipe multidisciplinar, está prestando apoio aos familiares e às vítimas sobreviventes.