A Divisão de Elite da Guarda Municipal — o braço armado da corporação, também conhecido como Força de Segurança Municipal — foi criada em 2025 e já ganhou um orçamento expressivo para 2026. No ano que vem, o caixa da tropa estará forrado com R$ 280,4 milhões. O valor reservado à Divisão de Elite representa 36% do orçamento da Guarda Municipal inteira, o que demonstra a prioridade política dada à nova força.
Mas quando o quesito é transparência…
Quase 40% do orçamento vai para pessoal, mas não há detalhamento sobre cargos, efetivo, funções ou remunerações extras. Outros 36% estão classificados como “apoio operacional”, rubrica genérica que pode englobar desde aquisição de armas até locação de veículos. E, ainda, 14% para “capacitação” — mas não há metas descritas (quantos cursos, quantos agentes treinados, em que áreas).
Os vereadores que já pararam para analisar o Projeto de Lei Orçamentária de 2026 (PLOA) também não encontraram qualquer informação sobre quantidade de armas, munições ou equipamentos que serão comprados; número de agentes a serem treinados; custo de uniformes, viaturas, infraestrutura ou sede operacional; critérios de atuação territorial ou operacional.
“É uma tropa nova, com dinheiro antigo. Enquanto o carioca enfrenta insegurança no dia a dia, o governo cria uma força especial milionária, sem explicar onde e como esse dinheiro será gasto”, reclamou Fernando Armelau (PL), cuja equipe é uma das mais dedicadas à execução orçamentária na Câmara do Rio.
O orçamento da Guarda Municipal tradicional só cresce 1%
Enquanto a Divisão de Elite nasce com um orçamento robusto e pouco transparente, a Guarda Municipal tradicional segue com recursos praticamente congelados, não há previsão de melhorias salariais ou de reestruturação operacional da tropa regular.
O orçamento total da Guarda Municipal apresenta estabilidade entre 2025 e 2026, passando de R$ 768,9 milhões para R$ 774,1 milhões, um crescimento de apenas 1% — variação praticamente simbólica diante da inflação e da ampliação das demandas urbanas.
Isso significa que a estrutura tradicional da GM não receberá reforço significativo, o que limita melhorias em patrulhamento de rotina, ações comunitárias e valorização do efetivo. Nada de modernização tecnológica, concurso público e capacitação.