Desigualdade de renda entre negros e brancos diminui no Rio, aponta estudo da prefeitura

No Dia da Consciência Negra, Rio registra um avanço na redução das desigualdades. De acordo com estudo recente da Prefeitura do Rio, entre 2021 e 2024, houve um crescimento de 17,2% na renda domiciliar per capita dos negros cariocas, ritmo


No Dia da Consciência Negra, Rio registra um avanço na redução das desigualdades. De acordo com estudo recente da Prefeitura do Rio, entre 2021 e 2024, houve um crescimento de 17,2% na renda domiciliar per capita dos negros cariocas, ritmo superior ao dos brancos (10,5%).

No mesmo período, a ocupação entre negros aumentou 27,2%, evidenciando uma melhora nas condições de vida dessa parcela da população, que representa 54,3% dos moradores do município, segundo o Censo IBGE (2022). O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Osmar Lima, atribui os resultados às políticas públicas voltadas para inclusão e geração de oportunidades:

“Esses dados mostram que estamos no caminho certo. A redução da desigualdade não acontece por acaso, é fruto de planejamento, investimento e compromisso com a equidade racial”, disse.

O estudo foi elaborado pela Secretaria municipal de Desenvolvimento Econômico e Instituto Fundação João Goulart, em parceria com as secretarias de Coordenação Governamental, Direitos Humanos e Igualdade Racial, e com apoio da Riotur.

Perfil da população negra carioca

A maioria da população carioca é negra, com mais de 54,3% se autodeclarando preta ou parda, segundo o Censo de 2022. A população negra no Rio soma 3,4 milhões de pessoas, sendo 71,3% pardas (2,4 milhões) e 28,7% pretas (1 milhão). Embora a proporção de negros no Brasil seja ligeiramente maior (55,5%), o Rio tem uma fatia mais elevada de pessoas que se autodeclaram pretas: 15,6% contra 10,2% da média nacional.

O levantamento mostra ainda que essa população é majoritariamente feminina (52,4%) e mais jovem: 39,7% da população negra do Rio tem até 29 anos. Já entre os idosos negros (60+), são 16,6%.

Em relação à escolaridade, com base nos dados da Pnad Cotínua — IBGE (2024), 18,6% dos negros cariocas com 25 anos ou mais têm Ensino Fundamental incompleto, 12,6% concluíram o Fundamental, 43,3% têm Ensino Médio completo e 25,5% possuem Ensino Superior completo — mais que o dobro da média nacional para negros (13,6%). Apesar dos avanços, a desigualdade persiste: entre os brancos na capital, 49,2% têm diploma universitário.

O secretário de Coordenação Governamental, Edson Menezes, destaca o impacto político desses dados:

“É essencial continuar investindo em políticas que promovam oportunidades, especialmente para a população negra, que enfrentou desafios significativos. Reduzir a desigualdade é fundamental para construirmos uma sociedade mais justa e igualitária”.

Mercado de trabalho: crescimento acelerado entre negros

Entre 2021 e 2024, ainda segundo dados da Pnad Cotínua — IBGE (2024),356,1 mil negros ingressaram na
população ocupada, totalizando 1,6 milhão de trabalhadores negros na cidade. O crescimento da ocupação foi de 27,2%, acima do registrado entre brancos (17,4%).

O número de desempregados também caiu mais entre os negros: menos 45,2% enquanto os brancos registraram menos 41,0%. Ao todo, 133,9 mil negros deixaram a condição de desemprego no período. Embora a desigualdade persista: a taxa atual é de 8,9% para negros e 7,1% para brancos.

A renda domiciliar per capita dos negros cariocas chegou a R$ 2,3 mil, com alta real de 17,2% entre 2021 e
2024, crescimento significativamente superior ao dos brancos (10,5%). Embora ainda seja 85,8% menor que a dos brancos (R$ 4,4 mil), a renda dos negros no Rio é 27,7% maior que a média nacional para esse grupo (R$ 1,8 mil). O secretário de Direitos Humanos e Igualdade Racial, Edson Santos, reforça a dimensão estrutural desse cenário.

“Ações e esforços coordenados são fundamentais para o desenho e a efetividade das políticas públicas de
redução das desigualdades. Nosso compromisso é cotidiano e buscamos articular com órgãos públicos e da sociedade civil iniciativas e projetos”, disse Santos.

Negros na gestão pública

O Instituto Fundação João Goulart, por meio de um inédito Mapeamento de Burocracia Representativa, avaliou em números a distribuição racial na Prefeitura do Rio e os seus impactos na gestão pública carioca.

A administração municipal tem 21% de servidores (as) pretos (as), superior à proporção de pessoas pretas na população da cidade (15,6%). Porém, considerando pessoas negras, ou seja, adicionando-se as pessoas
pardas, a prefeitura tem 51,6% servidores (as) negros (as), frente a 54,3% na cidade.

Em cargos de gestão (cargos comissionados) a desigualdade fica mais marcada. São 14,4% de servidores (as) pretos (as), pouco abaixo da proporção da cidade. Em um recorte só dos cargos comissionados do mais alto nível hierárquico, são 12,3% de gestores (as) pretos (as), inferior à representatividade na população.

Observa-se que 17% dos servidores já têm mais do que 60 anos e 28% entre 50 e 59. Somados, são 45% que já têm ou terão idade para se aposentar nos próximos cinco anos, então existe uma oportunidade de ampliar a diversidade e reduzir a desigualdade entre os tomadores de decisão. Com a aposentadoria de gestores brancos, cria-se a efetiva possibilidade de pessoas negras, amarelas e indígenas ocuparem cargos estratégicos, uma vez que, na análise geral dos 45% de pessoas aposentáveis, o percentual de pessoas negras é o menor, 48% (17% pretas e 31% pardas).

O desenvolvimento de lideranças também é uma pauta relevante na atual gestão. Triplicou-se a proporção de pessoas pretas e pardas (negras) aprovadas no processo seletivo do Programa Líderes Cariocas realizado em 2022, se comparado ao realizado em 2012, primeira turma da iniciativa. Em 2023, formaram-se mais Líderes Cariocas, com 12,8% de pessoas pretas (cinco vezes mais do que a turma de 2012) e 36,2% (2,6 vezes mais do que em 2012). Somados, representam 49% de novos Líderes Cariocas negros, sub-representados, porém próximos da proporção de 54,3% de pessoas negras na cidade, de acordo com dados do Censo do IBGE 2022.

A presidente do Instituto Fundação João Goulart, Rafaela Bastos, destaca a importância de se investir em
gestão pública e equidade racial para reduzir as desigualdades:

“É importante destacar que 62% dos vínculos empregatícios do serviço público no Brasil, segundo o IPEA,
estão em governos municipais. A Prefeitura do Rio se coloca na vanguarda com estudos, mas principalmente, iniciativas, instrumentos e programas com enfoque em diversidade e equidade racial com quem faz o serviço público nas cidades”.

O estudo completo sobre a redução as desigualdades está disponível no Observatório Econômico do Rio e no Repertório, nos links: observatorioeconomico.rio e repertorio.rio.



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