O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Christiano Lacerda Ghuerren, que havia suspendido a licitação da Cedae para a construção da nova estação de tratamento de água em Nova Iguaçu, conhecida como Guandu 2, voltou atrás. De acordo com o RJ2, da TV Globo, o conselheiro foi convencido pelos argumentos do diretor jurídico da Cedae, Diogo Mentor.
O governador Cláudio Castro (PL) chegou a fazer um duríssimo discurso contra Ghuerren, quando soube da suspensão. A reação intempestiva do governador gerou reações da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon) e do próprio TCE.
A obra de Guandu 2 está orçada em R$ 1,7 bilhão. Entre outros problemas, o corpo técnico do Tribunal de Contas apontara a falta de detalhamento na composição de preços que somam R$ 861 milhões. A Cedae argumentou que fez diligências no mercado e não conseguiu cotações de preços individualizadas para todos os itens, e que, por isso, apresentou a estimativa de gastos por blocos.
Para o conselheiro, ficaram esclarecidos os apontamentos. No fim, ele pede que nas próximas licitações, se assegure mais transparência e clareza, em especial, nos itens mais caros.
Castro fez duros ataques ao conselheiro do TCE
Cláudio Castro não poupou o conselheiro, e num evento na Baixada Fluminense, fez duras críticas à decisão.
“Por politicagem, ele suspendeu a obra. E nós temos que criar uma punição severa para aqueles que prejudicam o povo por causa de politicagem. O único órgão que não tem previsão de punição nenhuma é o Tribunal de Contas. É uma sacanagem com o povo da Baixada Fluminense suspender uma obra de R$ 2 bilhões com o dinheiro em caixa, com financiamento, e que vai ajudar quatro milhões de pessoas”, disse o governador, muito irritado.
Castro disse que, para entender a gravidade da medida, o conselheiro deveria saber o que é ficar sem água.
“O certo era pegar, ir para a casa desse cidadão e cortar a água dele, para ele ver como é bom não ter água em casa. Só faz isso quem não é eleito pelo povo. Por isso tinha que acabar com esses cargos vitalícios mesmo e ser tudo com mandato, porque esse cidadão, que não tem um voto do povo, vai lá e cancela uma licitação que vai levar água para quatro milhões de pessoas da Baixada Fluminense”, disse.
Castro usou até palavrões no discurso
O governador não escondeu a irritação, e até usou palavrões para descrever como se sentia.
“Eu estou puto com isso, estou irritado com isso. É muito difícil juntar dinheiro, fazer um projeto sério, passar por tudo e depois de estar tudo liberado, vir com politicagem…”, explodiu.
Castro convocou as pessoas para se manifestarem nas redes sociais do conselheiro.
“Acho que todo mundo tinha que ir lá no Instagram, olhar o nome de quem fez e encher a caixa do cara de mensagem, porque é uma sacanagem com o povo da Baixada. Esses órgãos que não têm um voto do povo, têm que ter mais responsabilidade. Estão lá para ajudar, recebem altíssimos salários públicos, para fazer uma maldade dessas por politicagem”, disse.
Castro ainda disse não temer retaliações por parte de Ghuerren ou qualquer outro conselheiro. Ele conclamou os deputados Carlinhos BNH (PP) e Hélio Lopes (PL), que estavam presentes, a tomar medidas na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal, respectivamente.
“E pode ameaçar que eu não tenho medo nenhum de Tribunal de Contas. Eu não tenho medo de miliciano, vou ter medo de conselheiro? Tô cagando pra ele. Nós vamos a todas as instâncias para liberar a obra, porque é uma sacanagem com o povo da Baixada. E a Alerj e a Câmara têm que se levantar contra isso, fazer uma CPI, chamar o conselheiro e perguntar porque ele fez isso. Ele tem que explicar para a sociedade porque tirou uma obra, prejudicando quatro milhões de pessoas”, disse.