O vice-prefeito Eduardo Cavaliere (PSD) voltou a elevar o tom contra as empresas de ônibus do Rio durante a coletiva em que apresentou o balanço da operação do cartão Jaé, na manhã desta sexta-feira (18).
Segundo ele, o novo sistema de bilhetagem da prefeitura movimentou R$ 37,7 milhões em recargas nos últimos 30 dias e, prestes a se tornar o único aceito nos transportes municipais a partir de 2 de agosto, “agora é que a briga vai começar de verdade”.
A declaração foi um recado direto às empresas de ônibus que operam na cidade. Nesta etapa final da transição, os valores arrecadados com as passagens estão sendo gradualmente destinados ao sistema do Jaé, em vez do antigo RioCard. Para Cavaliere, a mudança deve incomodar a “máfia”.
‘A bilhetagem agora é pública’
Ao todo, 511.819 contas fizeram recargas no último mês no cartão Jaé. O valor arrecadado corresponde a 20% da meta de arrecadação estimada em R$ 180 milhões.
“Agora é que a briga de verdade vai começar. Porque agora vai doer no bolso dos empresários — aqueles que antes controlavam o sistema de ônibus e a bilhetagem. Mas, a partir do dia 2 de agosto, quem controla é o carioca. A bilhetagem agora é pública, municipal e transparente”, declarou.
Apelo às empresas que operam na cidade
Cavaliere, que estava acompanhado da secretária municipal de Transportes, Maína Celidonio, também fez um apelo para que empresas comecem a fazer a recarga do Bilhete Único dos funcionários diretamente pelo Jaé já no próximo mês.
“Contamos com a colaboração daqueles que são responsáveis por fazer a recarga dos vales-transporte. Não caiam na conversa dos malandros da máfia. A partir do dia 2 de agosto, só vai valer integração no Jaé. Não vai ter jeitinho, não vai ter uma forma de fazer isso pelo outro cartão. Por isso, é muito importante que os empregadores, já no próximo mês, façam as recargas direto no Jaé”, concluiu.
Integração ainda não foi implementada
A transição definitiva do sistema RioCard para o Jaé, adiada sucessivamente desde o ano passado, começou a valer no dia 5 de julho para os usuários com gratuidade. No entanto, a integração do sistema da prefeitura com os modais intermunicipais — metrô, trens e barcas — ainda não foi implementada.
Até o momento, apenas os usuários do Bilhete Único Intermunicipal (BUI) podem continuar utilizando o RioCard nos transportes municipais. Os validadores do antigo sistema seguem funcionando exclusivamente para esse benefício.
Bilhete Único Carioca
A integração dos transportes dentro do município para os moradores do Rio será feita por meio do Bilhete Único Carioca, operado no cartão Jaé. O sistema permite ao passageiro utilizar diferentes modais pagando uma tarifa única de R$ 4,70.
Quando a viagem inclui o BRT, é possível realizar até três integrações no intervalo de até três horas, utilizando todos os transportes municipais. Já nas viagens que não envolvem o BRT, o passageiro pode usar até dois modais no mesmo período, incluindo ônibus municipais, VLT e vans legalizadas.
Prefeitura pede ajuda da Secretaria Estadual
Na última quarta-feira (16), a prefeitura solicitou apoio da nova secretária estadual de Transportes, Priscila Sakalem, para viabilizar a instalação dos validadores do Jaé nas estações do metrô. Em ofício, a secretária municipal de Transportes criticou a falta de resposta da concessionária MetrôRio e alertou que a ausência dos equipamentos pode comprometer a integração tarifária.
Priscila Sakalem, que assumiu a secretaria estadual em meio a uma crise provocada pela exoneração de Washington Reis (MDB), já havia informado que “o mundo ideal” seria ter um sistema único operando em todo o estado — e disse que isso será uma prioridade em sua gestão.
Queixas sobre falhas no atendimento
Outra queixa recorrente dos usuários diz respeito ao atendimento. Longas filas, falhas nos postos e instabilidade no aplicativo levaram a Prefeitura do Rio a anunciar, em 23 de junho, a ampliação do horário de funcionamento dos pontos de atendimento e a abertura de novas unidades.
Além disso, a empresa responsável pelo sistema, a CBD Bilhete Digital, foi multada em R$ 12 milhões por órgãos estaduais de defesa do consumidor, devido a irregularidades na prestação do serviço. Antes disso, a empresa já havia sido intimada a prestar esclarecimentos sobre as filas para emissão de cartões e o descumprimento das normas de atendimento prioritário.
