A Cia. de Arte Popular, um dos grupos mais longevos e emblemáticos do teatro fluminense, sobe ao palco do Teatro Léa Garcia, no Centro do Rio, para celebrar 27 anos de trajetória. O espetáculo De Repente 27, escrito e dirigido por Vinícius Baião, vencedor do Prêmio Shell de Dramaturgia, reúne memórias e experiências do grupo em uma montagem que celebra a longevidade e a resistência artística.
Mais do que revisitar sua própria história, o grupo transforma memórias em cena e convida o público a uma viagem afetiva por quase três décadas de trabalho artístico. O resultado é uma montagem que celebra a força de quem fez do teatro uma morada — e da Baixada, um polo de criação e referência cultural.
“Desde menina sonhei em ser atriz, e Deus colocou diante de mim um professor que já trilhava esse caminho. Desde então, nunca parei. O palco é minha morada. Vieram os prêmios, o reconhecimento… Lá se vão mais de 50 anos de trajetória. Hoje, com o cinema, os curtas e a televisão, me sinto vaidosa por continuar inteira, de pé, fazendo o que me dá orgulho: a arte de representar”, conta Eve Penha, atualmente no ar como Dona Marlene na novela Dona de Mim.
Eve fala com a serenidade de quem carrega meio século de ofício, mas sem a rigidez do tempo. Sua fala é atravessada pela gratidão e pela certeza de que o palco é mais do que um espaço — é vocação. Aos 70 anos, mantém o brilho e o rigor de quem aprendeu cedo a respeitar a arte. “O que me move é a continuidade. A arte não tem idade. Tem entrega”, diz, sorrindo.
Também no elenco, Francisco Farnum, que em breve retorna à 5ª temporada da série Arcanjo Renegado, no Globoplay, celebra a longevidade do grupo e o impacto da Cia. em sua trajetória pessoal e profissional.
“Comemorar os 27 anos da Cia. de Arte Popular é um grande privilégio. Fazer parte dessa história é uma honra imensa. Foi a partir dessa trajetória que outros caminhos se abriram — do cinema à TV. Estrear na minissérie Os Quatro da Candelária (Netflix), viver o Jairo em (IN)Vulneráveis (Universal Pictures) e agora o Dimitri em Arcanjo Renegado é a certeza de estar vivendo os melhores sonhos”, destaca Farnum.
Ele fala com entusiasmo de quem atravessou o teatro para chegar às telas, sem abandonar o palco. “A Cia. me deu base, ética e chão. O teatro é uma escola permanente. É daqui que vem a força para chegar no set de filmagem com verdade. A câmera capta tudo — inclusive o tempo de palco”, afirma.
Quem também celebra a nova fase é Nancy Calixto, atualmente na novela Vale Tudo.
“Entrar nesse mundo das telas, telinhas e telonas tem sido uma experiência nova e incrível. Durante anos achamos que o audiovisual era uma realidade distante, e agora tudo está acontecendo de forma intensa. O mais bonito é ver como o público reage, especialmente agora com o espetáculo De Repente 27. As pessoas saem mais próximas da gente. É uma sensação de vitalidade, como se estivéssemos abrindo novos caminhos a cada dia.”
Escrito e dirigido por Vinícius Baião, o espetáculo reafirma a essência da Cia. de Arte Popular, formada majoritariamente por artistas acima dos 55 anos, e propõe uma reflexão sobre o etarismo ainda presente nas artes. Sem abrir mão da leveza e do humor, De Repente 27 transforma maturidade em potência criativa e o tempo em matéria poética.
Nancy, atriz de energia vibrante e sorriso largo, comenta o reconhecimento que a televisão trouxe — inclusive nas redes sociais.
“É curioso como o público reage: vem abraço, carinho, surpresa. Mas o mais bonito é perceber que a televisão e o teatro, juntos, potencializam nosso alcance. De Repente 27 chega neste momento como um divisor de águas — é memória e futuro ao mesmo tempo”, destaca.
Serviço
Teatro Léa Garcia (Centro Cultural dos Correios)
Endereço: Rua Visconde de Itaboraí, nº 20, Centro – Rio de Janeiro (RJ)
De 16 /10 a 1/11
Quintas e Sextas às 19h
Sábados (sessões duplas) às 17h e às 19h
Valor: R$ 30
