Durante uma manifestação contra a morte de um jovem de 24 anos em Santo Amaro, no Catete, os moradores foram, mais uma vez, alvo de violência. O protesto, que aconteceu na tarde do último domingo (8), precisou ser interrompido depois que um motorista passou disparando tiros para o alto.
O ato aconteceu na Rua Pedro Américo, uma das entradas da comunidade, e contou com a presença dos pais do jovem. No entanto, o condutor de um carro tentou avançar sobre os manifestantes e disparou, pelo menos, duas vezes.
Momentos depois, o suspeito foi detido por agentes e levado à delegacia. Em nota, a Polícia Civil informou que o homem em questão era um policial.
“A Corregedoria-Geral de Polícia Civil (CGPOL) informa que o servidor estava de folga e foi preso em flagrante por disparo de arma de fogo. Um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) foi instaurado para apurar a conduta do mesmo. A Polícia Civil reforça que não compactua com quaisquer desvios de conduta, cometimento de crimes ou abuso de autoridade praticados por seus servidores”, declarou a corporação.
Tiroteio em festa junina
Herus Guimarães Mendes, de 24 anos, foi baleado durante uma festa de rua na noite de sexta-feira (6). Ele chegou a ser socorrido ao Hospital Glória D’Or, mas não resistiu. Herus trabalhava como office-boy e era pai de um menino de dois anos.
Durante uma manifestação, a mãe de Herus, Mônica Guimarães, disse, emocionada, que estava com o filho momentos antes de ele ser baleado.
“O Herus era amor. Eu quero pedir justiça pelo meu filho. Eu estava junto com ele, a quadrilha estava fazendo uma oração pedindo paz. Quando os policiais entraram eles não viram as fantasias brilhando?”, questionou.
Outras quatro pessoas também ficaram feridas — entre elas, um adolescente de 16 anos, que já recebeu alta. Os feridos foram levados ao Hospital Souza Aguiar, no Centro.
No momento do tiroteio, agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) faziam uma operação na comunidade de Santo Amaro, onde acontecia a festa junina.
Respostas oficiais
Foram exonerados o coronel Aristheu de Góes Lopes, comandante do Bope, e o coronel André Luiz de Souza Batista, do Comando de Operações Especiais (COE). Além disso, 12 policiais que participaram da ação foram retirados das ruas.
Segundo o governador, a Polícia Civil e a Corregedoria da PM já iniciaram as investigações. O Ministério Público também terá acesso a todas as imagens gravadas pelas câmeras corporais dos agentes envolvidos.
A deputada estadual Dani Monteiro (PSOL), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, enviou um ofício à Polícia Militar e ao Bope, cobrando investigação imediata e solicitando acesso às imagens das câmeras corporais.