Vereadores se unem contra reintegração em Barra de Guaratiba

Três vereadores da Câmara Municipal do Rio, Gigi Castilho (Rep), Felipe Pires (PT) e William Siri (PSOL), manifestaram firme repúdio à reintegração de posse executada pelo Exército em Barra de Guaratiba, que resultou no fechamento do restaurante Tropicana e ameaça


Três vereadores da Câmara Municipal do Rio, Gigi Castilho (Rep), Felipe Pires (PT) e William Siri (PSOL), manifestaram firme repúdio à reintegração de posse executada pelo Exército em Barra de Guaratiba, que resultou no fechamento do restaurante Tropicana e ameaça a permanência de mais de 80 famílias na região.

A ação, realizada na última semana, foi classificada pelos parlamentares como “desproporcional, abrupta e socialmente desastrosa”. Os moradores afetados afirmam não terem sido previamente informados de forma clara, nem ter tido tempo hábil para contestar a decisão judicial.

Em vídeo nas redes sociais, a vereadora Gigi Castilho relatou ter ido pessoalmente à Barra de Guaratiba para ouvir os moradores e garantir apoio institucional. “Ali tem pessoas que moram há mais de 50 anos. Têm filhos, netos, restaurantes. As pessoas estão desesperadas. É uma vida inteira ali naquele bairro. Vamos correr atrás, de mãos dadas, e vamos para cima. Podem contar comigo.”

Em publicação anterior, Gigi já havia criticado duramente a condução do processo: “Essa ação deixará diversas pessoas sem moradia e colocará muitos em situação de desemprego, afetando diretamente moradores, comerciantes e pescadores que sempre construíram suas vidas ali com dignidade”.

“É inacreditável o que estão fazendo”

Felipe Pires subiu à tribuna para denunciar o que chamou de “covardia institucional”: “Na semana passada, uma residência de 75 anos foi demolida. Uma mãe e um filho foram parar na Baixada, e o pai está morando de favor com os móveis num quartinho cedido por um vizinho. Isso é inaceitável”. O parlamentar afirmou que a medida atinge de forma desproporcional uma comunidade tradicional e exige explicações do Comando Militar do Leste sobre o real interesse na área.

Segundo ele, o Tropicana empregava dezenas de pessoas com carteira assinada e movimentava a economia local por meio da pesca artesanal. “Não é só com o restaurante. São mais de 80 casas notificadas, cada uma com um processo. É um ataque direto aos povos tradicionais da região.”

“A comunidade está sendo desmontada”

Também crítico à operação, o vereador William Siri apontou a ausência de alternativas sociais para os atingidos. “Mais de 80 famílias caiçaras estão sendo despejadas de onde vivem há gerações. Crianças, idosos e trabalhadores estão agora sem saber o que fazer ou para onde ir. Uma comunidade que sempre existiu ali está sendo desmontada diante dos nossos olhos.”

Diálogo e responsabilidade social

Os três parlamentares defendem que o Governo Federal, por meio do Ministério da Defesa e da Superintendência do Patrimônio da União (SPU), busque uma solução negociada e responsável com as famílias. “Não se pode aplicar a lei sem olhar para o ser humano. É possível respeitar o patrimônio público e, ao mesmo tempo, respeitar vidas e histórias”, declarou Felipe Pires.

A situação jurídica do Tropicana e das demais casas ainda está em andamento na Justiça Federal. Os moradores, muitos sem recursos para contratar advogados, têm recorrido à Defensoria Pública e a mandatos parlamentares em busca de apoio.



Conteúdo Original

2025-12-10 15:16:00

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