O deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ) pode ter usado a defesa de Glauber Braga como moeda política para 2026 — um gesto que, mais do que salvar o mandato do deputado do PSOL, escancarou os bastidores de um jogo de poder em que vale tudo, até defender quem comete violência.
A virada inesperada no plenário
O que parecia uma cassação inevitável terminou em uma reviravolta. A Câmara dos Deputados decidiu, por 318 votos a 141, suspender por seis meses o mandato de Glauber Braga (PSOL-RJ), acusado de quebra de decoro após agredir o militante do MBL, Gabriel Costenaro, dentro do Congresso em abril de 2024. A decisão surpreendeu até aliados, já que o Conselho de Ética havia recomendado a cassação definitiva.
O papel decisivo de Pedro Paulo
No centro da articulação estava Pedro Paulo. Sem aval da cúpula do partido, ele assumiu a defesa de Glauber e apresentou o destaque de preferência que abriu caminho para a suspensão em vez da cassação. A proposta venceu por apenas seis votos de diferença, revelando o quão apertada foi a disputa.
Pedro Paulo convenceu parte da bancada do PSD e sustentou sua tese em plenário, contrariando expectativas de setores do Centrão e até de integrantes do governo, que consideravam a cassação praticamente certa.
Bastidores e cálculos políticos
A atuação não foi apenas jurídica ou humanitária. Nos bastidores, a defesa de Glauber é vista como um movimento estratégico de Pedro Paulo e do grupo político de Eduardo Paes. Ao distensionar a relação com o PSOL, abre-se espaço para futuras alianças que podem ser cruciais em 2026, quando Paes deve disputar o governo do Rio de Janeiro.
A leitura é direta: salvar Glauber hoje pode render apoio amanhã. Em um cenário de fragmentação política, cada gesto conta. Pedro Paulo, ao se colocar como articulador improvável, mostrou disposição para jogar o jogo do “vale tudo” e ampliar a base de sustentação do seu grupo.
Impacto imediato e projeções
– PSOL respira aliviado: a suspensão evita a inelegibilidade de oito anos que viria com a cassação.
– PSD ganha protagonismo: Pedro Paulo se projeta como ponte entre esquerda e centro.
– 2026 no horizonte: a aproximação pode ser decisiva para a candidatura de Eduardo Paes ao governo estadual.
Pedro Paulo não apenas defendeu Glauber Braga — plantou uma semente para 2026. A sessão que parecia apenas disciplinar revelou-se um capítulo de alta política, onde alianças se constroem em meio a crises e cada gesto pode se transformar em moeda de troca.
2025-12-11 08:27:00



