Apenas 24 horas após a megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha — que resultou em mais de 120 mortos — o embate se transferiu para o plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. O clima esquentou entre vereadores da esquerda e da direita, transformando a sessão extraordinária desta quarta-feira (29) em um palco de tensão e discursos inflamados.
O confronto foi protagonizado pelo vereador Rogério Amorim (PL), que reagiu com veemência às críticas da vereadora Mônica Benício (PSOL). Ela classificou a ação como um “massacre” e tentou suspender a sessão ao pedir verificação de quórum, alegando que a Casa se manteve em silêncio diante da operação.
Em resposta, Amorim disparou:
“A cidade do Rio hoje acorda mais feliz, a população de bem acorda feliz, porque mais de 120 criminosos foram mortos em legítima defesa pelas forças de segurança. Apenas quatro são vítimas e merecem nosso luto: os policiais.”
Sessão marcada por tensão e acusações
Durante a sessão, Benício insistiu na suspensão dos trabalhos legislativos, denunciando a omissão da Câmara diante da operação.
“O que aconteceu ontem foi um massacre promovido pelo governador Cláudio Castro, do PL, e esta Casa não disse absolutamente nada. Esta sessão nem deveria estar acontecendo”, afirmou.
Amorim defende operação e ataca oposição
Rogério Amorim foi além: exaltou a atuação do governador Cláudio Castro, da cúpula da segurança pública e dos agentes envolvidos. Criticou duramente a esquerda por, segundo ele, tentar vitimizar criminosos, e mencionou os corpos deixados em praça pública.
“Esses vagabundos estavam armados com fuzis, jogando bombas de drones contra os agentes. A população não está retirando da mata corpo de trabalhador e de inocente, está tirando corpo de vagabundo com roupa camuflada, de guerra, atirando contra as forças do Estado. O morador de bem agradece por ter sido liberto do jugo desses marginais — que o presidente da República defende. Há 48 horas ele dizia que esses marginais eram vítimas do usuário. Ontem, o governador deu uma resposta dura.”
Discurso provocativo
Amorim encerrou sua fala com declarações contundentes:
“Vagabundo que atira para matar tem que tomar tiro para morrer. Que venham outras operações como essa. Bandido não tem que ser tratado com flores.”
Ele também criticou o governo federal por não apoiar a ação e acusou o presidente da República de fomentar o vitimismo em relação ao crime organizado:
“Quando vagabundo que porta fuzil e joga míssil na polícia é tratado com vitimismo, o crime cresce.”
Disputa de narrativas
Enquanto parlamentares da esquerda denunciam a operação como um massacre, a direita a celebra como uma vitória contra o crime. O embate ideológico promete se intensificar nos próximos dias, com repercussões tanto no cenário político quanto na opinião pública.
2025-10-29 17:25:00



