O traficante Erick Marllon Dutra Satorio Ferreira, conhecido como “Mascote”, foi colocado em liberdade após decisão da Justiça Federal e agora está foragido. No fim de maio, o criminoso participou de uma perseguição policial que terminou com a morte de um mototaxista inocente na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio. A informação é do G1.
O caso aconteceu no dia 21 do último mês, quando traficantes do Comando Vermelho invadiram o Morro do Dendê e mataram um rival. Na fuga, houve tiroteio com a polícia, e o mototaxista Maycon do Nascimento, de 30 anos, acabou atropelado pelo carro dos criminosos e foi lançado do Viaduto Novo. Ele morreu na hora.
Três criminosos foram baleados durante a ação — entre eles, Erick Marllon Dutra Satorio e Roger Rodrigues Gonçalves, o “Trix”, de 30 anos, que foram socorridos e levados sob custódia ao Hospital Evandro Freire. Anderson Leonardo da Silva, o “Perninha”, de 27 anos, morreu no local. Com o grupo, foram apreendidos fuzis, munições, rádios comunicadores e outros materiais.
Erick já tinha um mandado de prisão em aberto por tentativa de homicídio contra agentes da PRF na Via Dutra, mas foi levado diretamente à Justiça Federal, sem passar pela audiência de custódia estadual. Três dias após o confronto, a juíza federal Ana Carolina Vieira de Carvalho concedeu liberdade provisória no processo da Dutra, com a condição de verificar pendências estaduais. Segundo o processo, a checagem, no entanto, não foi feita. Erick foi solto no mesmo dia — antes que a ordem da juíza fosse cumprida — sem passar por custódia estadual, e desapareceu. Ele segue foragido.
Um dia após a soltura, a Justiça estadual realizou nova audiência de custódia sobre o caso da Ilha. O juiz Rafael de Almeida Rezende afirmou que Erick foi solto por “motivos desconhecidos”, mas mesmo assim converteu a prisão em flagrante pela ação na Ilha em prisão preventiva, devido à gravidade do caso e à periculosidade do acusado.
O G1 conversou com os citados. Em resposta, Ministério Público do Estado (MPRJ) disse que instaurou apurações para esclarecer por que Erick não foi apresentado à custódia estadual, e que o mandado de prisão estadual segue vigente. A Justiça Federal afirma que não foi comunicada sobre a existência de uma comunicação de prisão em flagrante ou da designação de audiência de custódia na Justiça Estadual. Já a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) disse que não havia qualquer mandado de prisão ativo no Banco Nacional de Mandados naquele momento e, por isso, o traficante foi solto, além de alegar que cumpriu a ordem judicial de forma regular e que não tem competência para hierarquizar decisões.
Enquanto isso, o comparsa do “Mascote”, Roger Rodrigues, foi apresentado à Justiça estadual, teve a prisão em flagrante convertida em preventiva e permanece preso.
“Prende e solta” de bandidos em debate
O caso reforça uma crítica recente feita pelo presidente da Alerj e governador em exercício na ocasião, Rodrigo Bacellar (União). Na última semana, Bacellar foi às redes sociais e expôs a ficha de um criminoso com 183 passagens pela polícia, preso e solto repetidamente e que ainda entrou em confronto com a polícia em Caxias, na Baixada. Na publicação, o deputado defendeu uma mudança urgente na legislação.
“Temos uma legislação arcaica que permite esse ‘prende e solta’ de criminosos reincidentes. É mais do que urgente uma mudança”, afirmou Bacellar, acrescentando que pretende abrir um debate nacional sobre o tema. Para ele, são mais do que necessárias as ações para “reprimir o crime organizado e enfrentar os que ousam desafiar o Estado”.
2025-06-27 17:30:00
