Taxista preso por aplicar golpes em idosos expõe falta de fiscalização na cidade do Rio

A prisão de Daniel de Souza Alves, taxista detido na noite de segunda-feira (21) na Taquara, Zona Oeste do Rio, escancarou uma ferida antiga e negligenciada: a vulnerabilidade dos passageiros — especialmente idosos — diante da falta de fiscalização e


A prisão de Daniel de Souza Alves, taxista detido na noite de segunda-feira (21) na Taquara, Zona Oeste do Rio, escancarou uma ferida antiga e negligenciada: a vulnerabilidade dos passageiros — especialmente idosos — diante da falta de fiscalização e da impunidade que permeia o sistema de transporte urbano da cidade.

Daniel é acusado de aplicar o chamado “golpe da maquininha”, em que utilizava um dispositivo com película escura sobre o visor para ocultar o valor real da cobrança. Uma das vítimas, que deveria pagar R$ 40 por uma corrida, foi surpreendida com um débito de R$ 4.240 em seu cartão. O taxista costumava atuar na Zona Sul e simulava situações de emergência, como superaquecimento do veículo, para apressar o pagamento e desorientar os passageiros.

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Reincidente e livre para agir

O caso se torna ainda mais alarmante ao se descobrir que Daniel, segundo a polícia, já possuía diversas passagens pela polícia por roubo, estelionato e furto, além de um mandado de prisão em aberto por violência doméstica. Mesmo com esse histórico, ele continuava circulando livremente pelas ruas do Rio, explorando brechas na legislação e na política de desencarceramento vigente.

A ausência de fiscalização efetiva por parte da Prefeitura do Rio, especialmente da Superintendência Executiva de Táxi e Transporte Individual (SETT), é apontada como um dos fatores que permitiram a continuidade dos crimes. Em outros casos recentes, taxistas foram flagrados com carteiras de habilitação suspensas ou sem autorização para atuar.

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Legislação ultrapassada e política de desencarceramento em xeque

A prisão de Daniel reacende o debate sobre a fragilidade das leis penais e a política de desencarceramento do governo federal, que, embora voltada à redução da superlotação carcerária, tem sido criticada por permitir que criminosos reincidentes permaneçam em liberdade.

Outros casos revelam padrão criminoso

Daniel não é um caso isolado. Em março, o taxista Ricardo Sérgio da Fonseca Camargo foi preso acusado de aplicar o mesmo golpe em passageiros da Zona Sul, chegando a faturar até R$ 10 mil por semana. Segundo a polícia, ele usava maquininhas com visor adulterado e, em alguns casos, ameaçava as vítimas com uma arma de fogo.

Outro taxista, Raphael do Nascimento Abreu, foi detido em abril, acusado der operar um táxi pirata com placa raspada e aplicar golpes semelhantes.

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Alerta à população e cobrança por ação

A Polícia Civil recomenda atenção redobrada ao realizar pagamentos com cartão em táxis e orienta que qualquer suspeita seja imediatamente denunciada. Especialistas defendem a revisão das políticas de concessão de alvarás, maior rigor na fiscalização e a criação de um sistema integrado de denúncias e monitoramento.

A prisão de Daniel de Souza Alves é um passo importante, mas insuficiente diante da escala do problema. Enquanto a legislação não for atualizada e a fiscalização não se tornar efetiva, os passageiros — especialmente os mais vulneráveis — continuarão à mercê de criminosos disfarçados de profissionais.



Conteúdo Original

2025-07-23 10:37:00

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