O serviço de táxi no Rio de Janeiro vive uma crise silenciosa, alimentada pela negligência da prefeitura. Apesar de serem parte essencial da mobilidade urbana, os táxis seguem operando com pouca fiscalização e padrões que parecem ter parado no tempo, ainda no século passado. A frota envelhecida, o atendimento precário e os preços elevados fazem do serviço uma das principais queixas da população.
Cada vez mais passageiros têm migrado para aplicativos de transporte, não por questões financeiras, mas pela diferença no tratamento — especialmente no serviço Black, onde o respeito e a qualidade superam em muito o que se encontra nos táxis convencionais.
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Fiscalização falha e permissiva
Atualmente, cerca de 30% dos táxis fiscalizados são reprovados por irregularidades como mau estado de conservação, taxímetro inoperante e documentação vencida. A prefeitura afirma que intensifica ações, mas os números mostram que os problemas persistem — especialmente nos pontos de entrada da cidade, como aeroportos e rodoviárias.
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Frota envelhecida e liberada por decreto
Em abril de 2025, o prefeito Eduardo Paes voltou atrás em uma decisão que limitava a idade dos veículos da frota de táxis. Com a revogação do decreto anterior, passou a valer a Lei 8.546/2024, que permite a circulação de táxis com mais de dez anos de uso.
A medida, questionada por atender a interesses políticos e eleitoreiros, visto que a categoria é historicamente influente no cenário municipal, escancarou a fragilidade da gestão pública diante de lobbies organizados.
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Tarifas elevadas e exploração em eventos
Os preços das corridas também são alvo de críticas. A bandeirada no táxi convencional custa R$ 6,20, com tarifa por quilômetro que pode chegar a R$ 4,38. Já o táxi executivo cobra R$ 8,35 de bandeirada e R$ 6,25 por quilômetro.
Durante grandes eventos, como o Carnaval, a cobrança antecipada por tabela pré-fixada é autorizada em pontos turísticos e aeroportos, mas muitos motoristas extrapolam os limites legais, cobrando valores exorbitantes sem qualquer controle.
Turistas: vítimas preferenciais dos golpes
Casos de golpes aplicados contra turistas por maus taxistas se multiplicam. Em junho de 2025, um chileno foi cobrado em R$ 800 por uma corrida entre o Aeroporto Internacional e a Barra da Tijuca. A prática conhecida como “no tiro” — quando o taxista cobra um valor fechado sem ligar o taxímetro — é comum em pontos turísticos como o Cristo Redentor, Pão de Açúcar e Copacabana.
A prefeitura recomenda que passageiros exijam o taxímetro ligado e denunciem irregularidades, mas alega que a fiscalização depende de flagrantes, o que torna a punição rara.
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Mau humor e trânsito caótico
Além dos golpes, passageiros enfrentam o mau humor de muitos profissionais, visivelmente estressados com o trânsito caótico da cidade — outro problema que a gestão municipal não consegue resolver. A falta de planejamento urbano e de soluções eficazes para a mobilidade contribui para um ambiente hostil, onde o passageiro é tratado com impaciência e, muitas vezes, desrespeito.
Reflexo da gestão municipal
O serviço de táxi no Rio de Janeiro, que deveria ser símbolo de hospitalidade e mobilidade urbana, tornou-se um retrato da precariedade institucional. Enquanto a prefeitura falha em fiscalizar e regulamentar com rigor, passageiros — especialmente os que visitam a cidade — seguem vulneráveis a abusos, desrespeito e exploração. O Rio merece mais. E os cariocas também.
2025-08-06 12:11:00