A decisão do ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), encerrou uma das mais turbulentas disputas internas da política partidária brasileira. Ao rejeitar a reclamação apresentada por Comte Bittencourt, o magistrado manteve válida a determinação do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), que reconduziu Roberto Freire à presidência nacional do Cidadania.
O veredito representa uma vitória para o grupo liderado por Alex Manente, que articula a aproximação do Cidadania com o Republicanos, consolidando uma aliança à direita e ampliando o bloco conservador que saiu fortalecido em 2025. Do outro lado, a ala ligada a Bittencourt, derrotada, buscava evitar a absorção e projetava uma aproximação com partidos do campo progressista e de centro-esquerda, como o PSB.
O que estava em jogo
– A crise começou em 2023, quando uma reunião do Diretório Nacional destituiu Freire do comando da legenda.
– O desembargador José Firmino Reis Soub, da 8ª Turma Cível do TJDFT, suspendeu os efeitos da reunião e apontou nulidades graves, como ausência de contraditório e descumprimento das regras estatutárias.
– Comte assumiu a presidência após a saída de Freire, mas sua legitimidade foi contestada judicialmente.
– O impasse chegou ao STF, onde Gilmar Mendes decidiu que a destituição de Freire não tinha validade, devolvendo-lhe o cargo.
Impacto político imediato
– Vitória da ala conservadora: A decisão fortalece o projeto de Manente e Marcos Pereira (Republicanos), que buscam ampliar influência no Congresso e preparar terreno para 2026.
– Derrota da ala progressista: Bittencourt, que negociava aproximação com o PSB e setores de centro-esquerda, perde espaço e vê sua estratégia enfraquecida.
– Freire consolidado: O veterano político retoma o comando do Cidadania com respaldo judicial, reforçando sua posição como figura central na reorganização partidária.
Contexto maior
A disputa pelo Cidadania não é apenas uma briga de cargos: trata-se de um xadrez político que pode definir alianças estratégicas para 2026. O partido, historicamente associado a pautas liberais e democráticas, se via pressionado entre dois caminhos:
– Alinhamento à direita, com Republicanos e setores conservadores.
– Aproximação ao centro-esquerda, como defendia Bittencourt, em busca de uma federação com o PSB.
Com a decisão de Gilmar Mendes, o tabuleiro se inclina fortemente para o primeiro caminho.
Em resumo: Gilmar Mendes não apenas devolveu Roberto Freire ao comando do Cidadania, mas também redesenhou o futuro da legenda, abrindo espaço para uma guinada à direita e consolidando o bloco liderado pelo Republicanos.
2025-12-26 16:05:00



