A decisão do prefeito Eduardo Paes (PSD) de instalar a sede da recém-criada Guarda Municipal Armada — oficialmente batizada de Divisão de Elite – Força Municipal — no Leblon, um dos bairros mais seguros e privilegiados do Rio de Janeiro, acendeu o alerta entre moradores de regiões periféricas e reforçou as acusações da oposição: o projeto seria uma manobra eleitoreira com vistas às eleições estaduais de 2026.
Leblon como vitrine: segurança onde ela já existe
A nova base será instalada na Praça Nossa Senhora Auxiliadora e passará por uma reforma de R$ 2,6 milhões. Paralelamente, a Prefeitura anunciou um investimento de R$ 16 milhões para a construção de um centro de treinamento para os agentes. O Leblon, reduto da elite carioca, já conta com forte presença policial e baixos índices de criminalidade — o que torna a escolha do local um símbolo de prioridades invertidas.
Enquanto bairros como o Centro, Complexo da Maré, Pavuna e Jacarezinho enfrentam rotinas de violência e abandono, a sede da força armada municipal nasce em uma área que já desfruta de segurança pública. Para críticos, é uma demonstração clara de que o projeto serve mais como vitrine política do que como resposta real aos desafios da cidade.
Oposição vê tentativa de apropriação de bandeira alheia
A oposição acusa Paes de tentar se apropriar de uma das principais pautas da direita fluminense — o combate à violência — sem enfrentar de fato os problemas estruturais da segurança pública. O projeto foi aprovado na Câmara com 34 votos favoráveis e 14 contrários, mas já enfrenta resistência jurídica: guardas municipais acionaram a Justiça contra a contratação de agentes temporários, sem concurso público, o que levou vereadores a classificarem a iniciativa como uma “milícia temporária”.
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Paes em campanha velada
Nos bastidores, o prefeito intensifica sua movimentação política fora da capital, com visitas a cidades como Macaé, Cordeiro e Campos. A criação da Guarda Armada é vista como uma jogada estratégica para conquistar o eleitorado de centro-direita, especialmente após críticas de omissão no enfrentamento à violência urbana e atritos com o PT, seu aliado nacional.
Segurança pública ou marketing eleitoral?
A escolha do Leblon como sede da Guarda Armada, somada ao timing político e aos investimentos milionários, reforça a percepção de que o projeto é menos sobre proteger os cariocas e mais sobre proteger os interesses eleitorais de Eduardo Paes. Para muitos, trata-se de uma segurança seletiva — voltada não para quem mais precisa, mas para quem mais aparece.
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2025-08-05 09:05:00