‘Sai barato para o criminoso’: Secretário de Polícia Civil do Rio volta a criticar impunidade e ‘legislação branda’

O secretário da Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, voltou a cobrar mudanças na legislação penal brasileira. Em vídeo publicado nas redes sociais nesta quarta-feira (26), Curi expôs um registro de um criminoso armado com fuzil mirando policiais a partir de uma seteira — abertura camuflada usada como ponto de ataque por traficantes. A imagem escancara a ousadia das facções, mesmo diante de constantes operações da polícia.

“Se esse narcoterrorista, portando uma arma de guerra, for preso em flagrante, ficará no máximo 1 ano encarcerado. Se for neutralizado, vira um jovem cheio de sonhos (…) e o Estado ainda será condenado a indenizar a família”, escreveu Curi.

Segundo o secretário, o problema não está nos planos de segurança pública, mas na fragilidade das leis, que são “brandas” e “lenientes”, e na atuação lenta de outras engrenagens do sistema de Justiça. “O plano de segurança existe e é aplicado todos os dias pelos policiais, que dão o sangue e a vida pela população. Segurança Pública é dever do Estado e responsabilidade de TODOS! Enquanto a polícia estiver sozinha nessa guerra, nenhum ‘plano de segurança’ dará certo”, declarou.

A guerra das seteiras

A publicação de Curi reforça uma preocupação antiga da Polícia Civil: a existência de seteiras em pontos estratégicos do tráfico. No início do mês, a corporação desmontou uma estrutura desse tipo em Parada de Lucas, onde uma falsa igreja funcionava como esconderijo do Terceiro Comando Puro.

No mês passado, um agente da Core foi morto com um tiro na cabeça disparado por um traficante posicionado atrás de uma dessas estruturas, na Cidade de Deus. O caso teve grande repercussão e motivou uma operação de caça ao responsável, suspeito de integrar a cúpula do Comando Vermelho.

Mesmo diante do armamento de guerra e da infraestrutura de combate montada pelas facções, traficantes seguem com punições brandas e são tratados como vítimas por parte da opinião pública, alerta a cúpula da Segurança Pública.

“Segurança é dever do Estado, mas responsabilidade de todos. Precisamos que as outras peças da engrenagem que formam o sistema criminal comecem a funcionar”, afirmou o secretário.