Sob a terceira gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as estatais federais — excluindo Petrobras e bancos públicos — acumulam um déficit primário recorde de R$ 18,5 bilhões, o maior da série histórica, segundo dados do Banco Central. O número acendeu o alerta sobre a condução das empresas públicas e reacendeu o debate sobre sua sustentabilidade financeira.
Gestão política e decisões administrativas sob crítica
Especialistas apontam que o rombo não se explica apenas por fatores macroeconômicos. Para Elena Landau, ex-diretora de privatizações do BNDES, o problema é estrutural: “Há uma filosofia de que estatal é instrumento político, não empresa. Os Correios são um estudo de caso do descalabro administrativo”, afirma. Ela critica gastos com propaganda, pessoal e obras fora do escopo da empresa.
Jason Vieira, economista-chefe da Lev Asset, reforça que há uma “gerência política” nas estatais, com nomeações sem qualificação técnica, especialmente nos conselhos. Ele também destaca o impacto da inflação, dos custos de energia e da chamada “inércia regulatória”, que obriga empresas como os Correios a dependerem de subsídios constantes.
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Correios pedem socorro e expõem crise mais ampla
O pedido de empréstimo de R$ 20 bilhões pelos Correios e seu plano de reestruturação são emblemáticos. A estatal acumula prejuízo de R$ 4,3 bilhões apenas no primeiro semestre de 2025. Mas não está sozinha: CBTU, Embrapa, Infraero e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares também figuram entre as maiores deficitárias.
Outros fatores que agravam o cenário
• Resultados financeiros fracos em empresas como Caixa Econômica e Correios
• Polarização política interna, dificultando decisões estratégicas
• Nomeações políticas para cargos de gestão
• Mudança da âncora fiscal, do Teto de Gastos para o Arcabouço
• Conjuntura internacional desfavorável, com conflitos que afetam preços de energia e alimentos
Banco do Brasil também sente os efeitos
Embora seja de capital misto, o Banco do Brasil viu seu lucro do segundo trimestre cair 60% em relação ao ano anterior, com redução de 30% no payout aos acionistas. Vieira atribui o resultado à alta da Selic (15% ao ano) e à inadimplência no setor agrícola.
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Contraste com gestões anteriores
Economistas como Alexandre Espírito Santo, da Way Investimentos, lembram que nas gestões anteriores de Lula, as estatais apresentaram crescimento e resultados robustos, impulsionados pelo boom das commodities e pela herança fiscal positiva do governo FHC.
A deterioração atual, segundo os especialistas, é reflexo de um modelo de gestão que privilegia interesses políticos em detrimento da eficiência empresarial — um alerta que pode custar caro às contas públicas se não houver correção de rota.
2025-10-20 09:03:00