Em uma sessão marcada por fortes acusações e comoção, o vereador Paulo Messina (PL) denunciou nesta quinta-feira (9), na tribuna da Câmara Municipal do Rio, o que classificou como “descaso brutal” da Secretaria Municipal de Saúde com pessoas autistas atendidas nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Segundo Messina, ao menos quatro denúncias graves foram recebidas nesta semana, incluindo casos de tentativa de suicídio após negativa de atendimento.
O vereador prometeu fiscalizar os Caps e encaminhar as denúncias ao Ministério Público. “Não podemos permitir que vidas sejam perdidas por negligência institucional. Vamos oficiar a Secretaria de Saúde e vistoriar pessoalmente essas unidades”, declarou.
Messina relatou o caso de uma jovem autista que procurou o Caps Arthur Bispo do Rosário, na Taquara, e foi rejeitada pela assistente social sob o argumento de que “não tinha cara de autista”. Segundo ele, a profissional teria afirmado que só seriam atendidos pacientes em crise ou em tentativa de suicídio. A jovem, então, se automutilou e tentou tirar a própria vida. “Isso é desumano. Como se mede o sofrimento de alguém pela aparência?”, questionou o vereador.
Outro caso citado envolve uma mulher autista de cerca de 30 anos que, em crise, buscou atendimento no mesmo Caps, que deveria funcionar 24 horas, mas estava fechado. Ao procurar o Caps Manoel de Barros, também na Taquara, encontrou portas fechadas. A paciente teve uma reação autolesiva e foi internada em estado grave no CTI.
Messina também denunciou respostas oficiais da prefeitura que, segundo ele, excluem autistas de serviços essenciais. Uma mãe que buscava atendimento neuropediátrico para seus dois filhos autistas foi informada pelo canal 1746 que esse tipo de atendimento é restrito a crianças com crises convulsivas ou distúrbios de movimento. Em outro caso, uma paciente com indicação médica para terapia ocupacional foi informada que o serviço só é oferecido a pessoas com sequelas de hanseníase ou diabetes. “Adultos com TEA, síndromes neurológicas, amputados e pessoas com mais de 140 kg estão excluídos. Isso é oficial!”, afirmou indignado.
A fala de Messina foi reforçada por outros parlamentares. Rogério Amorim (PL) criticou duramente o secretário Daniel Soranz, acusando-o de priorizar redes sociais em vez de enfrentar os problemas da saúde pública. “Ele devia parar de ser blogueiro e começar a trabalhar. Enquanto corpos são mumificados nos hospitais, ele está preocupado em atacar vereadores”, disparou, referindo-se ao escândalo recente envolvendo cadáveres abandonados em unidades de saúde do Rio.
O vereador Poubel (PL) também se manifestou, relatando o caso de uma gestante que perdeu o bebê após esperar horas por atendimento no Hospital Rocha Faria. “O pai estava chorando do lado de fora. A criança morreu por descolamento de placenta. Isso é negligência, é crime. O secretário e o prefeito estão brincando de fazer política com vidas humanas”, afirmou.
2025-10-09 16:14:00