‘René queimou a humanidade’: desembargador William Douglas reage ao assassinato de gari em BH

“René queimou uma vida, uma família, a esposa, tudo que diz ser e o nosso dia. René é um incendiário.” Com essa frase cortante, o desembargador federal do Tribunal Regional Federal da 2ª Região e escritor cristão William Douglas abriu


“René queimou uma vida, uma família, a esposa, tudo que diz ser e o nosso dia. René é um incendiário.” Com essa frase cortante, o desembargador federal do Tribunal Regional Federal da 2ª Região e escritor cristão William Douglas abriu uma das mais contundentes críticas públicas ao assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, ocorrido em Belo Horizonte no início da semana.

Em publicação no Instagram, Douglas não apenas condena o crime, mas desmonta a imagem pública do autor, o empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, que se autodeclara “cristão, esposo, pai e patriota”, mas que demonstrou ter um ego maior que seu bíceps.

O crime que chocou o país

Na manhã de segunda-feira (11), Renê se envolveu em uma discussão de trânsito com a equipe de coleta de lixo no bairro Vista Alegre. Irritado com o caminhão que bloqueava parcialmente a rua, ele desceu de seu carro elétrico de luxo, ameaçou a motorista e, em seguida, disparou contra Laudemir, de 44 anos, usando uma pistola calibre .380 registrada em nome de sua esposa, a delegada Ana Paula Balbino Nogueira. A vítima foi socorrida, mas não resistiu aos ferimentos.

Após o crime, Renê não fugiu — foi direto para a academia, onde foi preso em flagrante. A frieza do gesto, somada ao perfil exibicionista nas redes sociais, gerou revolta e indignação.

Vaidade, egoísmo e impunidade

Para William Douglas, o caso revela uma “vida autocentrada”, marcada pela indiferença ao próximo e pela ausência de empatia até com a própria esposa, cuja arma foi usada no crime.

“Será que ele não percebe que essa ação, feita por motivo para lá de fútil, vai atrapalhar a vida dele mesmo?”, questiona o desembargador.

Douglas também critica o culto à aparência e à força física, ironizando o fato de Renê ter ido malhar após matar um homem:

“Que me perdoem os bombados, mas também me pergunto se ele não gastou tempo demais com pesos e tempo de menos com a Bíblia.”

A publicação viralizou, com milhares de compartilhamentos e comentários que reforçam o sentimento de perplexidade diante da brutalidade do ato e da aparente certeza de impunidade.

“Será que René aposta na impunidade? Que ser rico, fortão e bem casado resolverá tudo?”, provoca Douglas.

Investigação e consequências

Renê teve a prisão convertida em preventiva e aguarda julgamento. A Corregedoria da Polícia Civil abriu investigação contra a delegada Ana Paula por possível negligência no armazenamento da arma.

A empresa Localix, responsável pela coleta de lixo, lamentou a morte de Laudemir e prestou apoio à família.

Laudemir: uma vida interrompida

Pai de uma filha, Laudemir era conhecido por sua dedicação ao trabalho e simpatia com os colegas. Sua morte não é apenas uma tragédia pessoal — é um símbolo da violência urbana alimentada pela sensação de impunidade.

Justiça como resposta à barbárie

William Douglas encerra sua análise com um chamado à justiça: “O que a Humanidade pode fazer por René? Pode tratá-lo na forma da Constituição, pode fazer com que pague indenização tão hipertrofiada quanto seus bíceps, pode lhe dar um bom número de anos de silenciosa reflexão, vendo o sol nascer quadrado.”

Em tempos de superficialidade e culto à imagem, o desembargador nos lembra que a verdadeira força está na responsabilidade, na empatia e no respeito à vida. E que a justiça, quando aplicada com firmeza, pode ser o antídoto contra a arrogância de quem acredita estar acima dela.

Confira a íntegra da publicação:

“Na foto, René, empresário que matou um gari usando a arma da esposa, que é Delegada de Polícia. Motivo: briga de trânsito.

Essa caso, como alguns outros, tem algo incompreensível para mim.

É evidente que essa pessoa não se preocupa com o próximo — isso é óbvio. Então, ele não está nada preocupado em destruir uma vida e uma família.

O que não entendo é que, por mais egoísta que seja, será que ele não percebe que essa ação, feita por motivo para lá de fútil, vai atrapalhar a vida dele mesmo?

A vida autocentrada também parece ser revelada pela falta de cuidado com a esposa, cuja arma utilizou para o crime, o que irá prejudicá-la.

O cidadão se apresentar como “cristão, esposo, pai e patriota” também me causa perplexidade. Além de queimar a imagem do Cristo e do patriotismo, pergunto-me, outra vez, se não poderia se preocupar ao menos com a esposa e se quem é pai não deveria se preocupar em matar outro e deixar algum órfão mundo afora.

Será que René aposta na impunidade? Que ser rico, fortão e bem casado resolverá tudo?

Matou e foi para a academia. Suas fotos mostram que ele se preocupa com seus músculos. Que me perdoem os bombados, mas também me pergunto se ele não gastou tempo demais com pesos e tempo de menos com a Bíblia.

Bem, vejo que René também queimou os bombados. Maldade, porque conheço vários que são ótimas pessoas. René queimou o sorriso confiante, René queimou os empresários. Pensando bem, René queimou toda a humanidade. René é um incendiário.

René queimou uma vida, uma família, a esposa, tudo que diz ser e o nosso dia.

O que René pode fazer pela Humanidade? Nada. Ele vai se importar com essas amenidades.

O que a Humanidade pode fazer por René?

Pode tratá-lo na forma da Constituição, pode fazer com que pague indenização tão hipertrofiada quanto seus bíceps, pode lhe dar um bom número de anos de silenciosa reflexão, vendo o sol nascer quadrado. Sem dúvida, o sol redondo não lhe fez bem.”





Conteúdo Original

2025-08-13 09:24:00

Posts Recentes

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE