O que deveria ser um cartão-postal de boas-vindas ao Brasil está se tornando um campo minado para turistas e até mesmo cariocas desavisados. As praias da Zona Sul do Rio de Janeiro, como Copacabana e Ipanema, estão sendo palco de uma série de golpes escandalosos, revelando a fragilidade da fiscalização municipal e transformando a orla em um verdadeiro paraíso para criminosos.
No último fim de semana, um ambulante foi preso em flagrante após cobrar R$ 3 mil por uma única caipirinha de um turista jamaicano em Copacabana. Dias antes, outro caso absurdo: um casal de turistas da República Dominicana pagou R$ 1 mil por duas espigas de milho. Mas o golpe mais chocante veio à tona no último dia 18: durante uma operação da Polícia Civil foi revelado que um turista europeu foi lesado em R$ 22 mil após comprar duas águas de coco e duas caipirinhas na Praia de Ipanema. A cobrança foi dividida em múltiplas transações com uso de maquininhas alteradas e visor danificado — uma prática comum entre os golpistas.
Enquanto Paes e Neves desfilam pela praia, flanelinhas seguem dominando estacionamentos
Estelionatos contra turistas crescem 43%
Esses não são episódios isolados. A Delegacia Especial de Atendimento ao Turismo (Deat) registrou 345 casos de estelionato contra turistas em 2024, um aumento de 43% em relação ao ano anterior. Os golpes com cartão de crédito explodiram: 191 ocorrências, alta de 169%. A estratégia dos criminosos inclui maquininhas com visores foscos, valores absurdos e, frequentemente, a desculpa de “erro de sistema” para realizar múltiplas cobranças.
A prefeitura, por sua vez, parece assistir de camarote, enquanto a Delegacia Especial de Atendimento ao Turismo (Deat) faz todo o trabalho, detendo 13 suspeitos em Ipanema, só na última semana. Os pontos mais críticos seguem sendo os mais movimentados: entre os postos 8 e 9 de Ipanema e entre a Avenida Princesa Isabel e o Posto 3, em Copacabana.
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Taxistas fraudam taxímetros e manipulam preço das corridas
E os golpes não se limitam à areia. Taxistas também estão no centro das denúncias, com casos recentes de manipulação de taxímetros por meio de botões escondidos que aceleram a cobrança. Em um episódio emblemático, um turista chileno foi cobrado R$ 800 por uma corrida entre o Aeroporto do Galeão e a Barra da Tijuca. Dois motoristas foram presos recentemente por esse tipo de fraude — um deles sequer tinha permissão para atuar como taxista.
Turistas são obrigados por flanelinhas a pagar R$ 120 por estacionamento na rua
Flanelinhas seguem extorquindo dinheiro de motoristas
Outro drama urbano é a atuação de flanelinhas irregulares em pontos turísticos como a Urca, Paineiras e Praça São Judas Tadeu. Em janeiro e fevereiro, a Secretaria de Ordem Pública (Seop) deteve diversos guardadores ilegais, incluindo início do ano um deles cobrou R$ 100 de dois turistas para estacionar na Urca e ainda agrediu um fiscal ao ser confrontado, o que demonstra a fragilidade do poder público municipal.
A cidade precisa urgentemente rever sua política de fiscalização. Mas enquanto isso não acontece, o Rio segue vendendo a imagem de paraíso tropical — mas entregando, para muitos, um pesadelo à beira-mar.
2025-06-23 12:52:00