Com informações da colunista Berenice Seara do Tempo Real. A sanha arrecadatória da Prefeitura do Rio, com apoio silencioso do Governo Federal, ganhou um novo capítulo: a proposta de revisão da cobrança da Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública (Cosip) será votada nesta terça (9), às 18h, em sessão extraordinária na Câmara Municipal. O projeto, que atinge em cheio a classe média carioca, prevê aumentos de até 140% na tarifa embutida na conta de luz — uma verdadeira bomba fiscal disfarçada de modernização.
Apesar de emendas apresentadas para proteger os consumidores de menor renda, o impacto principal recai sobre quem consome um pouco mais: cerca de 1,25 milhão de residências, comércios e indústrias devem sentir o peso da nova alíquota na fatura mensal.
Um alívio para poucos, uma pancada para muitos
Entre as emendas que tentam amenizar o impacto, está a isenção da Cosip para quem consome até 120 Kw/mês (hoje o limite é 100 Kw). Isso deve beneficiar 100 mil famílias — uma gota no oceano. Há também uma proposta de desconto de 5% para a faixa de 120 a 140 Kw e manutenção da tarifa atual entre 140 e 170 Kw. Para os pequenos empresários, será criado um teto de R$ 5 mil, bem distante do limite atual de R$ 27 mil.
Mas para quem está logo acima dessas faixas — classe C e B —, o resultado é outro: aumento médio de 100%, segundo a própria oposição.
“As emendas amenizam um pouco, mas a Dona Maria, a classe média, vai pagar o pato”, disparou o vereador Paulo Messina (PL). “É um novo IPTU, uma taxa extra empurrada goela abaixo. Classes C e D pagarão cerca de 70% a mais. Classe B, 100%. E da B para a A, o reajuste passa de 140%.”
Pedro Duarte (Novo) engrossa o coro: “Esses percentuais vão encarecer a vida do cidadão e inviabilizar muitos negócios. O aumento para alguns grandes consumidores chega a 1000%. Vamos trabalhar para barrar esse projeto hoje.”
Governo aposta na arrecadação e na narrativa da “justiça fiscal”
O projeto de Eduardo Paes (PSD) muda a lógica da cobrança da Cosip, trocando o modelo fixo por um sistema progressivo baseado na média anual de consumo. A prefeitura afirma que a nova fórmula dará mais segurança fiscal ao município e liberará recursos para iluminação, videomonitoramento e segurança pública.
Nos bastidores, o presidente da Câmara, Carlo Caiado, chegou a se reunir com representantes da Firjan, que enviaram sugestões de ajustes — ainda sob análise dos parlamentares. As conversas técnicas continuam até a hora da votação, mas o clima é de pressa para aprovar o texto ainda hoje.
2025-09-09 16:00:00
