Parece que a moda agora é transformar o crime em tendência. A Osklen, uma marca conhecida por sua pegada sustentável e por vestir a elite antenada, resolveu divulgar em suas redes sociais a capa da revista britânica Dazed, estrelada por ninguém menos que Oruam, um rapper envolto em controvérsias.
A imagem, que mostra uma imagem do ensaio em que o artista posou segurando um simulacro de fuzil para a revista britânica Dazed, não demorou para gerar revolta e levantar um questionamento preocupante: até que ponto estamos normalizando o crime como parte da cultura pop?
Oruam, que ostenta milhões de seguidores e exerce forte influência sobre jovens e crianças, não é exatamente o tipo de referência que qualquer sociedade saudável desejaria para sua juventude.
Acusado de fazer apologia ao tráfico em shows onde traficantes armados de fuzis são presença garantida, o rapper parece ter abraçado a estética do crime como um verdadeiro “lifestyle”.
O cabelo vermelho, sua suposta ligação com o Comando Vermelho (CV) e sua aparição carregando um simulacro de arma na capa da Dazed reforçam a ideia de que o crime virou grife — como se fosse mais um produto comercial vendável, algo aceitável como qualquer outra marca.
O impacto disso sobre os jovens é alarmante. Em vez de aspirações voltadas para educação, cultura e trabalho, uma nova geração é exposta a uma glamorização da marginalidade, onde o tráfico, a violência e a ostentação criminosa são exaltados como status.
Oruam, aliás, não faz questão de esconder suas conexões: além da proximidade com o Comando Vermelho, é filho de Marcinho VP, um dos traficantes mais conhecidos do Brasil, preso há décadas por crimes hediondos como tráfico de drogas e homicídios.
Como se não bastasse, o próprio rapper já foi detido por abrigar um foragido da Justiça em sua casa, um detalhe que apenas reforça que sua ligação com o crime não seria só estética — mas prática.
A repercussão da publicação foi tão negativa que consumidores rapidamente iniciaram campanhas de boicote à Osklen, indignados com a decisão da marca de promover um artista que muitos consideram um modelo de inversão de valores.
A empresa, percebendo que talvez tenha pisado na bola, se apressou em apagar a postagem e tentar minimizar o dano à sua imagem.
Polêmica não para por aí!
O caso Oruam chegou aos legislativos brasileiros, impulsionando debates sobre o impacto cultural da glorificação do crime.
Diversas cidades começaram a discutir a chamada Lei Anti-Oruam, que busca impedir a contratação de artistas que promovam apologia ao tráfico em eventos públicos.
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Fortaleza, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro já têm propostas em andamento, enquanto no Distrito Federal foi protocolado um projeto ainda mais rigoroso, visando cortar qualquer possibilidade de financiamento público a apresentações que exaltam facções criminosas.
O episódio da Osklen escancara um problema maior: o crime não pode ser tratado como um “estilo de vida”, e transformar facções criminosas em elementos de moda e cultura mainstream só contribui para a desvalorização de princípios básicos de convivência.
Afinal, o que vem depois? Uma linha de roupas inspirada no tráfico? Um desfile com modelos ostentando fuzis? Se já estamos nesse ponto, talvez seja hora de repensar para onde a sociedade está caminhando. Ou torcer por um novo meteoro!
2025-06-05 13:25:00