Antes de ser presa por uma série de assassinatos por envenenamento, Ana Paula Veloso Fernandes, de 36 anos, já havia deixado um rastro de destruição na vida do ex-marido. Casada por apenas dez meses com um cuidador de idosos e babalorixá, ela é acusada de incendiar a casa dele, invadir e depredar o terreiro religioso da família, e vender ilegalmente um imóvel que lhe pertencia — tudo isso após o fim do relacionamento.
Segundo o ex-companheiro, Ana chegou a se mutilar para obter uma medida protetiva judicial e usou o casamento como meio para aplicar golpes patrimoniais. A separação ocorreu em março de 2024, mas os conflitos se intensificaram nos meses seguintes.
“Eu poderia estar morto também. Ela destruiu minha vida. Quero que fique presa para sempre”, declarou o religioso, que pediu anonimato.
Dez cachorros mortos: o teste cruel antes da matança
A crueldade de Ana Paula não se limitou a humanos. Segundo a Polícia Civil, ela confessou ter matado dez cachorros com chumbinho para testar a dose exata do veneno que usaria. O delegado Halisson Ideião, do 1º Distrito Policial de Guarulhos, afirmou que Ana “sabia exatamente o tempo, a dosagem e os efeitos do veneno”, demonstrando frieza e premeditação.
A substância usada foi identificada como terbufós, um agrotóxico altamente tóxico semelhante ao chumbinho, encontrado em sua residência.
Quatro homicídios em série: a polícia aponta padrão de execução
Ana Paula é investigada por quatro assassinatos cometidos entre janeiro e abril de 2025, todos por envenenamento. A sequência dos crimes é a seguinte:
– Marcelo Hari Fonseca – encontrado morto em 31 de janeiro de 2025, em Guarulhos (SP). Ana Paula alugava um imóvel nos fundos da casa da vítima e foi quem acionou a polícia.
– Segunda e terceira vítimas – não identificadas publicamente, mas os crimes ocorreram em São Paulo e Guarulhos, também por envenenamento, entre fevereiro e março.
– Neil Corrêa da Silva – aposentado de 65 anos, morto em 26 de abril de 2025, após consumir uma feijoada levada por Ana Paula. O crime, segundo as investigações, foi encomendado pela filha da vítima, Michelle Paiva da Silva, colega de Ana na universidade.
Michelle teria pago R$ 1,4 mil pelo assassinato, abatendo parte de uma dívida que Ana Paula tinha com ela. A feijoada foi batida no liquidificador para facilitar a ingestão pelo idoso, que tinha dificuldades para mastigar. Ele morreu após ser levado ao Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias.
Prisões e perfil psicológico
Ana Paula foi presa em julho de 2025 em São Paulo. Sua irmã gêmea, Roberta Cristina Veloso, também está detida, acusada de participação nos crimes. Ambas são investigadas por envolvimento em múltiplos homicídios e a polícia não descarta que atuassem como assassinas de aluguel.
O juiz Rodrigo Tellini, do Tribunal de Justiça de São Paulo, classificou Ana Paula como uma “verdadeira serial killer”. A investigação segue em andamento, e a polícia não descarta que novos episódios da trajetória criminosa da estudante podem vir à tona.
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2025-10-11 13:53:00
