Mesmo diante do desabafo comovente de Allini Vial, mãe da adolescente Sophia, de 15 anos, assassinada por uma bala perdida em Vila Velha (ES) durante uma guerra entre facções criminosas pelo controle de território, um dos criminosos — um menor de 17 anos conhecido como “Mete Bala” — não deve permanecer preso por muito tempo.
Protegido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), ele poderá ser internado por no máximo três anos, mesmo sendo apontado como responsável por um ato que o próprio secretário de Segurança Pública classificou como “terrorismo”.
“Minha filha morreu sem nunca ter pisado numa boca de fumo. Me ajudem a fazer justiça. Quem fez isso tem que pagar!”, clamou Allini em vídeo nas redes sociais; veja vídeo.
O ataque, ocorrido no último sábado (9), também matou a manicure Andrezza Conceição, de 31 anos, e deixou feridas outras três pessoas — entre elas duas crianças de 6 e 9 anos. A polícia aponta que o atentado foi ordenado por Stanley dos Santos da Silva, o “Nego Stanley”, ligado ao Primeiro Comando de Vitória (PCV), ainda foragido.
Casagrande promete ação firme: ‘Seguiremos até que os responsáveis sejam presos’
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, se manifestou sobre o caso:
“Diante da crueldade dos ataques que atingiram inocentes, nossas forças de segurança estão nas ruas, em operações integradas, para prender todos os envolvidos. Seguiremos firmes até que os responsáveis sejam presos e responsabilizados”, declarou.
Uma tragédia anunciada
Sophia voltava de um grupo de oração com a família quando foi atingida dentro do carro. A região de Santa Rita, conhecida como “Faixa de Gaza”, vive sob constante tensão entre facções criminosas que disputam o tráfico de drogas.
Justiça distante, impunidade crescente
A dor de Allini se soma à indignação de milhões de brasileiros que assistem à escalada da violência. Segundo a Quaest, 79% da população percebe aumento da criminalidade desde o início do governo Lula.
Desencarceramento e insegurança
A revolta se intensifica diante da política de desencarceramento promovida pelo governo federal. O plano “Pena Justa”, homologado pelo STF, propõe a redução de prisões consideradas “desnecessárias” e prioriza penas alternativas para crimes de menor potencial ofensivo.
Críticos alertam que tais medidas favorecem a reincidência e a impunidade. O jurista Fabrício Rebelo afirma que “os criminosos deixam de temer a sanção do Estado”.
Prisões e investigações
Dois criminosos foram detidos: o adolescente “Mete Bala” e outro homem preso no dia seguinte. Ambos têm ligação com o PCV. A polícia segue em busca de “Nego Stanley”, apontado como mandante.
Um país refém
O caso de Sophia é mais um retrato de um país onde mães enterram filhos inocentes, onde criminosos circulam armados e onde a justiça parece sempre chegar tarde — quando chega.
Enquanto o governo insiste em políticas de desencarceramento e medidas paliativas, a população clama por segurança, por leis mais rígidas e por um sistema que proteja as vítimas, não os algozes.
2025-08-13 07:00:00