O presidente da CPI das Câmeras da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado Alexandre Knoploch (PL), anunciou que vai endurecer o tom contra seguradoras e associações de proteção veicular que ignoraram a convocação da comissão parlamentar.
A ausência dessas entidades na segunda oitiva da CPI, realizada nesta segunda-feira (25), foi considerada um desrespeito institucional e levantou suspeitas ainda mais graves sobre a atuação das associações.
Associações sob suspeita: endereços fantasmas e evasão
Segundo Knoploch, a situação é especialmente crítica no caso das associações de proteção veicular. A CPI enfrentou dificuldades para entregar os convites, e em diversas tentativas de entrega presencial, os parlamentares constataram que os endereços cadastrados na Receita Federal eram inexistentes ou localizados em áreas de difícil acesso.
“Isso é uma tentativa clara de mascarar as atividades dessas empresas”, afirmou o deputado, que já solicitou apoio da Polícia Civil para garantir a presença dos representantes na próxima sessão.
Além disso, há indícios de que algumas dessas associações estejam envolvidas em esquemas de recuperação de veículos roubados que podem incluir pagamentos a criminosos. A Polícia Civil já investiga uma quadrilha suspeita de movimentar mais de R$ 11 milhões em menos de um ano com esse tipo de operação, envolvendo mais de 1.600 veículos.
Embora as seguradoras tradicionais tenham respondido à convocação, elas indicaram que enviariam representantes da Federação, o que contraria o formato da CPI, que exige presença direta das empresas.
“As seguradoras mostraram total falta de respeito com a Comissão”, disparou Knoploch. “Isso deixa claro que temos muito trabalho a ser feito.”
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Diferença entre seguradoras e associações de proteção veicular
– Seguradoras são empresas regulamentadas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), com contratos formais, fiscalização rígida e cobertura garantida por lei.
– Associações de proteção veicular, por outro lado, funcionam como cooperativas ou clubes de benefícios. Elas não são fiscalizadas pela Susep e operam com contratos de adesão, o que pode gerar insegurança jurídica e menor transparência.
A CPI das Câmeras foi criada para investigar o uso de sistemas de monitoramento em vias públicas, mas ampliou seu escopo ao identificar possíveis ligações entre seguradoras, associações e o crime organizado. Segundo Knoploch, há suspeitas de que valores pagos por clientes estejam sendo usados para financiar resgates de veículos em áreas dominadas por traficantes.
A próxima sessão promete ser decisiva. Com apoio da Polícia Civil e novas convocações, a CPI pretende avançar nas investigações e responsabilizar os envolvidos.
“Quem não tem nada a esconder, comparece”, concluiu Knoploch.
2025-08-25 11:34:00