Inflação sufoca e empurra brasileiros para planos básicos; coparticipação vira pedágio da saúde

O Brasil vive uma corrida desesperada para manter algum tipo de proteção médica. São 53 milhões de pessoas com planos de saúde — quase um quarto da população — mas o que deveria ser sinônimo de segurança virou um campo


O Brasil vive uma corrida desesperada para manter algum tipo de proteção médica. São 53 milhões de pessoas com planos de saúde — quase um quarto da população — mas o que deveria ser sinônimo de segurança virou um campo minado. Nos últimos dois anos, 2,1 milhões de novos beneficiários entraram no sistema, mas não por conforto: foi por necessidade. E a escolha não é pelo plano completo, e sim pelo plano “basic”, a versão enxuta que cabe no bolso.

Reajustes explosivos

Com aumentos médios de 25% ao ano, manter um plano de saúde integral virou privilégio de poucos. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) até fixou um teto de 6,06% para planos individuais em 2025, mas os coletivos — que dominam o mercado — seguem sem limite e explodem em reajustes muito acima da inflação. Resultado: o plano completo virou símbolo de luxo, inacessível para a maioria.

Coparticipação: o novo pedágio da saúde

As operadoras encontraram uma saída para não perder clientes: coparticipação. O usuário paga parte do procedimento, como se fosse um pedágio para cada consulta ou exame.
– Na SulAmérica, 87% dos novos contratos em São Paulo já funcionam nesse modelo.
– Na Amil, a fatia saltou de 38% para 60% em apenas quatro anos.
O discurso é de “acesso facilitado”, mas na prática significa que o brasileiro paga duas vezes: no boleto e na hora de usar.

Planos nacionais em queda livre

A cobertura nacional, antes símbolo de status, está em colapso. Planos regionais e até municipais ganham força, com operadoras como a Porto vendendo contratos delimitados por bairros em São Paulo e no Rio. A Hapvida viu 80% do prejuízo líquido em São Paulo vir justamente dos planos nacionais, escancarando que o modelo amplo não se sustenta.

O retrato cruel da inflação médica

A chamada inflação médica segue implacável, sempre acima da inflação oficial. Famílias e empresas estão sufocadas, e o sistema suplementar se fragmenta em versões cada vez mais básicas. O brasileiro médio já não escolhe o melhor plano: escolhe o que dá para pagar.

Conclusão: saúde virou privilégio

O avanço dos planos “basic” não é apenas uma tendência de mercado. É um alerta vermelho sobre a realidade econômica do país. A saúde privada, antes vista como proteção, agora se transforma em um luxo restrito, enquanto milhões se contentam com versões reduzidas. O sistema suplementar está se adaptando à crise, mas o preço é alto: menos cobertura, mais gastos e uma sensação crescente de que estar protegido é privilégio, não direito.



Conteúdo Original

2025-12-31 07:03:00

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