Espancamento de ladrão em Fortaleza expõe descrédito na legislação e o avanço da violência

O Bairro Bela Vista, em Fortaleza, foi palco Na última terça-feira (1º) de mais um episódio que escancara a falência do sistema de segurança pública brasileiro. Um ladrão de 43 anos, foragido da Justiça e com mandado de prisão em


O Bairro Bela Vista, em Fortaleza, foi palco Na última terça-feira (1º) de mais um episódio que escancara a falência do sistema de segurança pública brasileiro. Um ladrão de 43 anos, foragido da Justiça e com mandado de prisão em aberto desde julho de 2024 por roubo, tentou assaltar moradores da região e acabou sendo brutalmente agredido por populares em uma tentativa de linchamento. A cena, registrada em vídeo por testemunhas, mostra o momento em que a população cerca e agride o bandido antes da chegada da Polícia Militar.

Segundo a PM, nenhuma vítima formalizou denúncia, mas o histórico do homem — reincidente e foragido há um ano — reacende o debate sobre a impunidade e a sensação de abandono que leva cidadãos a fazerem justiça com as próprias mãos.

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Legislação ultrapassada e o ciclo da reincidência

O caso do Bela Vista não é isolado. Em junho, um homem foi espancado após assaltar um ônibus em Fortaleza; em abril, outro chegou a ser baleado quando tentava roubar uma vítima. Em todo o Brasil, a prática de linchamentos tem se tornado cada vez mais comum: segundo levantamento da Rede de Observatórios da Segurança, o país registrou mais de 200 casos em 2024 — uma média de um a cada dois dias.

Especialistas apontam que a legislação penal brasileira, com penas brandas e brechas para progressão de regime, contribui para a reincidência. A ausência de punição efetiva alimenta a descrença da população no sistema de Justiça e estimula reações violentas.

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PEC da Segurança: promessa de mudança ou mais do mesmo?

Diante do agravamento da crise, o governo Lula apresentou em abril a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, que visa dar status constitucional ao Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), ampliar a atuação da Polícia Federal e padronizar ações entre os entes federativos. A proposta, no entanto, enfrenta resistência de governadores por não atacar de frente a criminalidade – segundo eles – mas apenas tentar minar a autonomia dos estados e ainda não tem previsão de votação.

Enquanto isso, secretários estaduais de segurança pública apresentaram um pacote alternativo com nove anteprojetos de lei, incluindo aumento de penas para crimes violentos, punição a advogados ligados ao crime organizado e bloqueio imediato de transações via Pix em casos de golpe.

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Justiça pelas próprias mãos: sintoma de um Estado ausente

A tentativa de linchamento no Bairro Bela Vista é mais do que um ato de revolta: é um grito de desespero de uma população que se sente desprotegida. Mas transformar cidadãos em juízes e carrascos é abrir caminho para tragédias irreversíveis — como a de Elvis Cleiton, reciclador espancado até a morte em Juiz de Fora após ser falsamente acusado de estupro.

A urgência por mudanças é inegável. O Brasil precisa de leis mais duras, de um sistema penal que funcione e de um governo que assuma a responsabilidade de proteger seus cidadãos — para que ninguém mais precise escolher entre o medo e a barbárie.



Conteúdo Original

2025-07-04 07:00:00

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