A jovem Nayra Gabrielly Oliveira Feitosa, de apenas 20 anos, voltou às manchetes neste domingo (27) — não por um novo conteúdo viral, mas por uma nova prisão. A influenciadora digital, que acumula mais de 70 mil seguidores no TikTok e viralizou ao compartilhar a rotina como presidiária, foi flagrada tentando entrar com 48 gramas de maconha e 118 comprimidos de Rohypnol escondidos nas partes íntimas na Unidade Prisional Professor Clodoaldo Pinto (CPPL II), em Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza.
Reincidência e impunidade
Essa é a segunda prisão de Nayra Gabrielly. A primeira ocorreu em outubro de 2023, quando foi detida em Valparaíso (SP) transportando quase 50 quilos de maconha em um ônibus intermunicipal. Na ocasião, alegou ter recebido R$ 1 mil para levar duas malas até Uberlândia (MG), após não conseguir dinheiro para retornar ao Ceará. Condenada a 4 anos, 2 meses e 12 dias de prisão, passou apenas 5 meses presa e obteve o direito de recorrer em liberdade.
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A influência da bandidolatria
Após a primeira prisão, Nayra transformou sua experiência carcerária em conteúdo digital. Seus vídeos — com títulos como “Como eu cuidava do meu cabelo na cadeia”, “Como fazer amizade na cadeia” e “Como é a rotina de preso dentro da cadeia” — somam milhões de visualizações. A estética da prisão, o vocabulário do crime e a romantização da marginalidade tornaram-se elementos centrais de sua persona online.
Para a polícia, a tentativa de visita ao detento Daniel Ladeira, conhecido como “Arara”, membro de uma facção criminosa carioca e preso por latrocínio, reforça o vínculo entre Nayra e o submundo que ela retrata com glamour nas redes.
Realidade preocupante
O caso escancara uma realidade preocupante: a normalização da criminalidade como estilo de vida e a fragilidade da legislação e do sistema penal, que permitem que condenados reincidam com facilidade. A figura de Nayra Gabrielly é o retrato de uma geração que consome e reproduz conteúdos de “bandidolatria”, onde a cadeia vira palco e o crime, roteiro.
Enquanto a justiça tenta conter os danos, a sociedade precisa encarar de frente o fenômeno da influência digital que transforma criminosos em ídolos — e likes em leniência.
2025-07-30 07:49:00