A denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) que motivou a megaoperação policial no Complexo do Alemão escancarou um cenário de horror imposto pelo Comando Vermelho (CV contra moradores e a sociedade fluminense. Imagens e mensagens interceptadas pelas autoridades revelam práticas de tortura, execuções sumárias e tribunais clandestinos que funcionavam na Serra da Misericórdia — área de mata usada como palco de punições brutais.
O trabalho isento do MPRJ revelou que a população dessas regiões vive sob o jugo de uma verdadeira ditadura armada, onde o tráfico impõe leis próprias, cala vozes pelo medo e elimina qualquer traço de democracia, liberdade ou justiça.
Execuções filmadas e vítimas implorando pela morte
Entre os registros anexados à denúncia, há vídeos de vítimas sendo torturadas até o ponto de implorar pela própria execução. Em um dos casos, um homem algemado e amordaçado é arrastado por um carro para forçá-lo a confessar uma delação. Em outro, uma mulher é colocada em uma banheira com gelo como castigo por “arrumar confusão no baile”. Os corpos, muitas vezes, desapareciam sem deixar rastros.
O epicentro da violência: Serra da Misericórdia
A região de mata onde funcionavam os tribunais do tráfico concentrou os confrontos mais intensos. Ali, segundo a denúncia, ocorriam sessões de tortura e execuções ordenadas por líderes como Edgard Alves de Andrade, o Doca, apontado como mandante de mais de 100 assassinatos, incluindo de crianças, além de responsável pelo desaparecimento de moradores. Doca é apontado como o mandante da execução de três médicos na zona sudoeste do Rio em outubro de 2023. As vítimas foram mortas por engano porque um deles foi confundido com o verdadeiro alvo dos criminosos
Grupo “Sombra”: matadores de aluguel e treinamento militar
As mensagens obtidas pela DRE revelam a existência do grupo Sombra, responsável por organizar punições e torturas nos tribunais do tráfico. O núcleo também contratava matadores de aluguel e treinava soldados como parte da estratégia de expansão do CV para a zona oeste do Rio, incluindo Gardênia Azul e César Maia. A facção operava com estrutura paramilitar, usando drones com câmeras térmicas para rastrear policiais e planejar emboscadas.
Resposta do Estado tem apoio popular
Diante da gravidade dos crimes, o Estado reagiu com força inédita. A operação, que mobilizou centenas de agentes e resultou em mais de 120 bandidos neutralizados e 113 presos, foi vista pelos moradores como um alívio após anos de terror. Apesar da letalidade, a ação foi interpretada como uma tentativa de devolver a paz a comunidades reféns da barbárie.
2025-10-31 09:37:00
 
								 
															



 
															