CV domina Itapajé (CE) e executa comerciantes que não pagam ‘pedágio’. Dois já foram mortos

Itapajé, Ceará — A execução do empresário Francisco Robério Araújo Oliveira, 55 anos, na tarde da última segunda-feira (25), escancarou uma realidade cada vez mais presente no interior do Brasil: o domínio territorial e econômico das facções criminosas, que impõem


Itapajé, Ceará — A execução do empresário Francisco Robério Araújo Oliveira, 55 anos, na tarde da última segunda-feira (25), escancarou uma realidade cada vez mais presente no interior do Brasil: o domínio territorial e econômico das facções criminosas, que impõem regras, cobram taxas e punem com morte quem ousa desafiar sua autoridade.

Robério foi morto a tiros a poucos metros do mercadinho que administrava, no bairro Santa Rita, mesmo local onde, apenas oito dias antes, o jovem comerciante Alexandre Roger Lopes, de 23 anos, foi assassinado por não pagar o reajuste do “pedágio” exigido pelo Comando Vermelho.

Alimentadas pela impunidade, facções criminosas dominam cada vez mais serviços no Brasil

Segundo a investigação da Polícia Civil, Alexandre era obrigado a pagar R$ 400 mensais à facção para manter seu espetinho funcionando. O valor foi subitamente elevado para R$ 1.000. Sem conseguir arcar com o novo “tributo”, ele manteve o pagamento anterior. Dois dias depois, foi executado por Lucas Mateus dos Santos, de 19 anos, que confessou agir como “executor” da facção.

Robério, ex-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Itapajé, era uma figura respeitada no comércio local. Sua morte, ainda sob investigação, levanta suspeitas de que também tenha sido vítima da mesma rede de extorsão. A CDL lamentou em nota a perda de “uma liderança marcante, ética e colaborativa”.

Os empresários Alexandre e Robério, ex-presidente da CDL, tinham comércios próximos um do outro e foram executados a tiros 

 

O comércio sob ameaça

Em Itapajé, comerciantes estão fechando seus negócios ou deixando a cidade. O medo é palpável. “Não é só o tráfico. É um sistema. Eles cobram, fiscalizam, punem. É como se fossem o governo”, disse um morador que pediu anonimato. A analogia entre facções e Estado não é exagerada: ambos impõem regras, cobram tributos e exercem poder sobre a vida dos cidadãos. A diferença é que, no caso das facções, o descumprimento pode custar a vida.

Facções como Estado Paralelo

O caso de Itapajé é apenas um entre milhares que ilustram a expansão das facções criminosas no Brasil. Segundo levantamento publicado pelo O Globo, cerca de 26% da população brasileira — mais de 60 milhões de pessoas — vivem sob regras impostas por grupos como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), que atuam em 25 e 26 estados, respectivamente.

Essas organizações não apenas controlam territórios, mas também monopolizam serviços, cobram taxas de “segurança”, regulam o comércio local e até interferem em eleições.

 



Conteúdo Original

2025-08-27 07:00:00

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