Criminosos invadiam sistema do Judiciário para apagar mandados de prisão

A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou nesta quinta-feira (18) a Operação Firewall para desmantelar um esquema criminoso que invadia sistemas do Poder Judiciário e manipulava dados para apagar ou esconder mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho. As ações ocorreram em Cabo Frio, na Região dos Lagos, e também em Minas Gerais.

O grupo agia com sofisticação: cobrava cerca de R$ 3 mil para “sumir” com mandados no Banco Nacional de Medidas Penais (BNMP). Como não podiam excluir os registros, alteravam os dados de localização, simulando que não havia ordem judicial em aberto. Além disso, também apagavam multas de trânsito e débitos de IPVA, causando prejuízo direto aos cofres públicos.

Segundo as investigações, os criminosos ainda chantageavam os próprios clientes, dizendo que, se não pagassem, poderiam até “inserir” mandados de prisão falsos.

Como a polícia chegou até eles

A investigação começou em julho de 2025, quando policiais identificaram anúncios em redes sociais oferecendo a “remoção” de mandados. O rastreamento financeiro revelou que a conta bancária usada para movimentar o dinheiro estava em nome da namorada de um dos suspeitos, o que ajudou a conectar a quadrilha a criminosos em Minas Gerais.

O líder do esquema já havia sido preso em setembro por violação de segredo profissional, associação criminosa e estelionato. Ele tinha experiência em empresas de certificado digital e chegou a fraudar um mandado da Justiça Federal do Rio, oferecendo depois o “serviço” para terceiros.

Prisões e desdobramentos

Duas pessoas foram presas nesta fase da operação. A ação contou com apoio da PM do Rio e da Polícia Civil mineira. Segundo a corporação, não há indícios de envolvimento de servidores públicos — os criminosos usavam credenciais roubadas para acessar os sistemas oficiais.

A Operação Firewall reforça a estratégia da Polícia Civil de enfrentar o crime organizado com inteligência digital, rastreamento de transações financeiras e cooperação interestadual. Não é só na bala que se trava essa guerra — a tecnologia, agora, também entra em campo.