Campo de Santana: prefeito não cuida de parque histórico e agora quer entregá-lo à iniciativa privada

No coração do Rio de Janeiro, entre a Central do Brasil e o Hospital Souza Aguiar, repousa o Campo de Santana — um espaço de 155 mil metros quadrados que já foi palco de momentos decisivos da história brasileira, como


No coração do Rio de Janeiro, entre a Central do Brasil e o Hospital Souza Aguiar, repousa o Campo de Santana — um espaço de 155 mil metros quadrados que já foi palco de momentos decisivos da história brasileira, como a aclamação de Dom Pedro I e a Proclamação da República. Hoje, porém, o que se vê é um cenário de abandono, sujeira e insegurança que escancara a falência da gestão pública sobre um dos parques mais simbólicos da cidade.

A solução de Eduardo Paes: passar o problema adiante

Diante do fracasso da gestão e da pressão popular, o prefeito Eduardo Paes decidiu incluir o Campo de Santana no programa “Parques Cariocas”, que prevê a concessão de espaços públicos à iniciativa privada.

A proposta de concessão ainda está em fase de estudo, mas já levanta preocupações sobre o futuro do acesso público e gratuito ao espaço. A estimativa da prefeitura é que o modelo gere até R$ 1,5 bilhão em impacto econômico, somando investimentos privados e desoneração dos cofres públicos.

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Um patrimônio em ruínas

– Lagos secos e sujos, chafarizes parados, bancos quebrados e postes com fiação exposta são apenas alguns dos problemas visíveis.
– Animais como gatos, cotias e pavões vivem sem infraestrutura adequada, tratados por voluntários que clamam por ajuda.
– A presença constante de pessoas em situação de rua e usuários de drogas, aliada à ausência de segurança, transformou o parque em um espaço evitado por famílias e turistas.

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A reforma que nunca veio

Em 2022, um convênio de R$ 15 milhões foi firmado entre a Prefeitura, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) e outras entidades para revitalizar o Campo de Santana. A promessa incluía restauração de monumentos, reabertura de banheiros e instalação de vigilância eletrônica. Três anos depois, apenas R$ 900 mil foram repassados, e nenhuma obra foi iniciada, depois da prefeitura recusar a ajuda.

Um sintoma de um problema maior

O Campo de Santana não é um caso isolado. Segundo levantamento da ONG SOS Patrimônio, o Centro do Rio abriga entre 600 e 750 imóveis abandonados, muitos em risco estrutural. A prefeitura lançou o programa Reviver Centro para tentar reverter esse quadro, mas os resultados ainda são tímidos frente à magnitude do problema.

A tentativa de repassar o Campo de Santana à iniciativa privada soa menos como uma solução e mais como uma fuga de responsabilidade. Um parque tombado pelo Iphan, que deveria ser tratado como joia urbana, está sendo negligenciado e agora corre o risco de perder sua essência pública. A cidade que já foi capital do Império parece hoje incapaz de cuidar de seus próprios símbolos.



Conteúdo Original

2025-08-05 14:03:00

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