O Brasil já ostenta a maior dívida bruta entre os países emergentes, segundo critérios do Fundo Monetário Internacional (FMI), ficando atrás apenas da China. Em meio ao governo Lula, o quadro fiscal se deteriorou de forma acelerada: em pouco mais de dois anos e meio, o endividamento avançou mais de 6 pontos percentuais do PIB e pode chegar a um incremento total de 9 pontos até 2026. Economistas classificam esse ritmo como insustentável e alertam para o risco de perda de credibilidade internacional.
Vulnerabilidade brasileira
– Critério FMI: dívida bruta brasileira em 89% do PIB, contra média de 72,7% nos emergentes.
– Critério Banco Central: 78,1% do PIB em setembro, excluindo títulos em posse da autoridade monetária.
– Comparação: apenas a China (93,4%) supera o Brasil entre emergentes.
Esse quadro coloca o país em posição frágil diante de choques externos e pressões por juros mais altos.
Especialistas alertam
Marcello Estevão, economista-chefe do IIF, afirma que não há sinais de reversão significativa na tendência de alta. Para o Brasil, ele ressalta que a queda da Selic dependerá da evolução das contas públicas. Uma dinâmica ruim da dívida implica prêmio de risco mais elevado para atrair compradores.
Já Samuel Pessôa, do FGV Ibre, lembra que países ricos como Japão (214% do PIB) convivem com dívidas muito maiores, mas contam com capacidade de arrecadação e poupança doméstica superior, o que torna seus déficits mais sustentáveis.
Perspectiva
Segundo o Monitor Fiscal do FMI, em cenário adverso, a dívida global pode alcançar 117% do PIB em 2027, o maior nível desde o pós-guerra.
No Brasil, a combinação de déficits persistentes, populismo e falta de ajuste fiscal amplia o risco de uma crise de confiança. Sem responsabilidade e previsibilidade, o país pode se tornar o epicentro da vulnerabilidade entre emergentes.
Dívida global em patamar crítico
O alerta não é apenas brasileiro. A dívida pública mundial atingiu US$ 101,3 trilhões no segundo trimestre de 2025, equivalente a 97,6% do PIB global, segundo o Instituto de Finanças Internacionais (IIF). O índice se aproxima do pico da pandemia, quando o endividamento chegou a 105% do PIB.
Estados Unidos, Europa e China puxam esse movimento, com déficits persistentes e prazos cada vez mais curtos para rolagem de títulos. Mas, entre os emergentes, o Brasil se destaca negativamente: segundo o FMI, sua dívida bruta já alcança 89% do PIB, superando a média de 72,7% e ficando atrás apenas da China.
O agravante é que, diferentemente das economias ricas, o país não dispõe de poupança doméstica robusta nem da mesma capacidade de arrecadação, o que torna seu endividamento mais arriscado e coloca o Brasil em situação fiscal ainda mais delicada que a do restante do mundo.
2025-12-08 16:06:00



