A Polícia Civil realiza, na manhã desta terça-feira, uma grande operação no Complexo de Israel, um dos territórios mais conflituosos da cidade. A ação ocorre em meio a um cenário em que a impunidade e a reincidência seguem fortalecendo o crime organizado, que encontrou terreno fértil para expandir sua influência, sobretudo após a implementação da ADPF 635, conhecida como “ADPF das Favelas”, que restringiu as ações das polícias nas comunidades.
A ação, que visa cumprir 70 mandados de prisão contra integrantes do Terceiro Comando Puro (TCP), boa parte com extensa ficha criminal. Os policiais foram recebidos a tiros, o que gerou confronto que levou ao fechamento da Avenida Brasil e da Linha Vermelha. Um bandido foi preso com coquetéis molotov tentando atear fogo em um ônibus para bloquear o acesso dos policiais. Ao todo sete criminosos foram presos até o momento.
Um motorista e um passageiro de ônibus diferentes foram baleados. Populares não descartam que bandidos tenham atirado contra civis para forçarem o recuo da polícia, prática terrorista que vem sendo utilizada por traficantes.
Por precaução, linhas de ônibus tiveram seus itinerários alterados. Escolas, unidades de saúde e outros serviços públicos também foram suspensos.
A operação é resultado de sete meses de investigações e tem como principal alvo Álvaro Malaquias Santa Rosa, o “Peixão”, um dos traficantes mais procurados do estado.
Segundo as autoridades, o TCP impõe seu domínio territorial com barricadas, drones para monitoramento policial, toque de recolher e monopólio de serviços públicos.
Relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) divulgado no ano passado já alertava que a impunidade e a reincidência criminal continuam sendo fatores que alimentam o crescimento do crime organizado. Com restrições operacionais impostas pela ADPF 635, facções criminosas conseguiram expandir seu domínio e fortalecer seu poderio bélico, dificultando ainda mais o trabalho das forças de segurança.
Moradores relatam que a presença do tráfico na região não apenas impacta sua rotina, mas também limita oportunidades de desenvolvimento social. “Vivemos com medo. O crime cresce porque sabe que dificilmente será punido”, afirma um comerciante da área, que prefere não se identificar.
A Polícia Civil informou que, além das prisões, a operação busca apreender armas, drogas e equipamentos eletrônicos usados pelos criminosos. Duas construções irregulares, utilizadas como pontos estratégicos de ataque, serão demolidas com autorização judicial.
A Secretaria de Segurança Pública ainda não divulgou um balanço oficial da operação, mas reforçou o compromisso de conter a escalada da criminalidade.
2025-06-10 09:14:00