A operação policial realizada na Vila Aliança, em Senador Camará, na manhã desta quinta (4) escancarou os efeitos devastadores da impunidade. Seis criminosos do Terceiro Comando Puro (TCP), envolvidos em uma série de abusos e crimes na região, foram mortos pelas forças de segurança. Durante a ação, um pastor evangélico e uma criança foram feitos reféns dentro de uma residência. Enquanto cobria a operação conjunta das polícias Civil e Militar, um cinegrafista do portal Factual RJ foi brutalmente espancado por mais de 15 traficantes armados com fuzis — teve os dentes quebrados com coronhadas e seus equipamentos destruídos.
A violência não se restringiu aos confrontos diretos. A comunidade foi tomada pelo terror: ônibus foram sequestrados e usados como barricadas, escolas entraram em protocolo de emergência e moradores se jogaram no chão para escapar dos disparos. A barbárie se impôs como rotina.
Alvos de alta periculosidade
A ação contou com a participação do Bope, Core, DRE e setores de inteligência, e teve como foco os chefes do tráfico Bruno da Silva Loureiro, conhecido como “Coronel”, e José Rodrigo Gonçalves Silva, o “Sabão da Vila Aliança”. Coronel é apontado como mandante do assassinato cruel da jovem Sther Barroso dos Santos, espancada até a morte após recusar sair com o traficante em um baile funk. Já Sabão é acusado de ordenar o ataque a um helicóptero da Polícia Civil em março, que deixou um agente em coma.
A falência do Estado diante do avanço das facções
A operação revelou não apenas a ousadia dos criminosos, mas também a fragilidade das políticas públicas do governo federal diante do avanço das facções. Apesar do empenho das forças de segurança, o Estado brasileiro permanece vulnerável. A entrada de armamentos pesados pelas fronteiras — como os fuzis usados no ataque ao cinegrafista — evidencia o fracasso do governo federal no controle de divisas e na fiscalização de rotas internacionais.
Além disso, a política de desencarceramento e a legislação penal ultrapassada contribuem diretamente para a reincidência e o fortalecimento das organizações criminosas. A sensação de impunidade alimenta a brutalidade.
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A resposta da polícia e o clamor da sociedade
A operação na Vila Aliança foi uma resposta firme diante de um cenário de terror. As vítimas foram libertadas com vida, dois criminosos foram presos e quatro fuzis apreendidos. Mas a pergunta que ecoa entre os moradores é inevitável: até quando a polícia enfrentará sozinha um sistema que permite que criminosos se tornem bárbaros?
Enquanto a oposição no Congresso propõe mudanças na legislação e o Executivo Federal falha em implementar medidas emergenciais, a população da Zona Oeste do Rio vive sitiada pelo medo. A impunidade, alimentada por brechas legais e fronteiras escancaradas, transforma criminosos em tiranos — e comunidades inteiras em reféns.
A sociedade clama por justiça, por segurança e por um Estado comprometido com a vítima. Porque quando a lei falha, a barbárie triunfa.
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2025-09-05 08:15:00