Após mais de um ano na clandestinidade, a líder da oposição venezuelana María Corina Machado deixou secretamente a Venezuela em uma operação digna de thriller político. Segundo o Wall Street Journal, a saída ocorreu em barco rumo a Curaçao, apenas 24 horas antes da cerimônia em Oslo, para a entrega do Nobel da Paz. De lá, embarcou em voo discreto para a Noruega.
Fontes revelaram que membros do próprio regime de Maduro colaboraram para viabilizar a fuga, em um sinal de possíveis divisões internas. Machado agradeceu publicamente aos “homens e mulheres que arriscaram suas vidas” para que ela chegasse a Oslo.
O Nobel da Paz e a ausência inesperada
Machado, proibida de deixar a Venezuela desde 2014, não conseguiu chegar a tempo da cerimônia. Sua filha, Ana Corina Sosa, recebeu o prêmio e leu o discurso em que a mãe prometeu que “a Venezuela voltará a respirar” e que “as portas das prisões serão abertas”.
O Comitê Norueguês do Nobel destacou sua luta contra a “ditadura” e confirmou sua chegada horas depois, já na madrugada de quinta-feira. A aparição surpreendeu até o presidente do Comitê, que havia informado que não haveria encontro com o público.
Reação internacional e choque diplomático
Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump declarou que “não gostaria” que Machado fosse presa, reforçando apoio à opositora. Ao mesmo tempo, Washington anunciou a apreensão de um petroleiro venezuelano, descrito como “o maior já confiscado”, intensificando a crise diplomática.
Em Caracas, a vice-presidente Delcy Rodríguez atacou o Nobel, chamando-o de “manchado de sangue” e classificando a cerimônia como “velório” e “fracasso total”. Maduro, por sua vez, conclamou aliados a estarem prontos para “partir os dentes” dos Estados Unidos.
Impacto político
A fuga e reaparição de Machado em Oslo não apenas reforçam sua imagem como símbolo da resistência democrática, mas também exibem rachaduras dentro do chavismo. Analistas apontam que a colaboração de figuras ligadas ao regime para sua saída pode indicar movimentos de bastidores em direção a uma transição.
Machado, de 58 anos, afirmou que regressará “muito em breve” à Venezuela, mesmo consciente dos riscos. Em entrevista à BBC, declarou: “Sei exatamente os riscos que estou correndo”.
O futuro incerto
Enquanto segue sua agenda em Oslo, Machado se tornou protagonista de um enredo que mistura diplomacia, resistência e esperança. Sua presença na Noruega, mesmo tardia, transformou o Nobel da Paz em um palco de denúncia contra Maduro e em um chamado à comunidade internacional para pressionar por mudanças na Venezuela.
A aparição de Machado não foi apenas um ato de coragem pessoal: foi um golpe simbólico contra o regime e um lembrete de que a luta pela liberdade venezuelana continua viva.
2025-12-11 10:38:00



